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RECICLAGEM
Cooperativas buscam garantir direitos mínimos dos catadores e aumentar a auto-estima de seus integrantes
Reconhecimento da profissão é desafio
DA REPORTAGEM LOCAL
Para as cooperativas de catadores, o maior desafio agora é o reconhecimento legal da profissão,
de forma a garantir direitos mínimos aos seus membros e uma
melhor aceitação da população.
Entre os ganhos práticos da regulamentação está o reconhecimento da profissão pelo INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social); entre os ganhos de auto-estima, a superação do constrangimento em se dizer catador na hora de preencher, por exemplo,
uma proposta de financiamento.
Para conseguir isso, a "categoria" vem se organizando há mais
de uma década. Hoje tem até uma
cadeira no Conama (Conselho
Nacional do Meio Ambiente). O
próximo passo é ir para Brasília,
pressionar por uma lei federal.
Pelo menos 1.500 catadores se
encontrarão na capital federal,
nos dias 4, 5 e 6 de junho, no primeiro Congresso Nacional dos
Catadores. A pauta de discussões
foi elaborada em encontros estaduais, como o realizado no mês
passado em São Paulo. Estiveram
presentes 300 catadores, representando cerca de 70 experiências
de 40 municípios paulistas.
Entre as propostas que serão levadas para a reunião nacional estão, além do reconhecimento profissional, a garantia de inclusão
dos catadores em programas municipais de coleta seletiva, a criação de linhas de financiamento
específicas para cooperativas e associações e a criação de mecanismos de incentivo à indústria nacional da reciclagem.
A "marcha" até Brasília é organizada pela OAF (Organização do
Auxílio Fraterno) em parceria
com cooperativas de catadores e
entidades como a Cáritas.
A atividade do catador já havia
sido citada em 1857 pelo escritor
francês Charles Baudelaire, no seu
poema "O Vinho dos Trapeiros".
No Brasil, o trabalho era feito,
no início do século 20, por imigrantes portugueses, que popularizaram a figura do garrafeiro.
Com o desenvolvimento da sociedade industrial de consumo, outros materiais reaproveitáveis
passaram a ser coletados.
A primeira ação para melhorar
a situação dos catadores foi a ruptura da relação de exploração com
o atravessador (que compra o
material recolhido e o revende às
indústrias de reciclagem) e a formação das primeiras cooperativas no final dos anos 80.
"Mas a maioria ainda está lá fora", lamenta Maria das Graças
Maçal, a "dona Geralda", coordenadora da Asmare. Levar os "autônomos" para as associações é
fundamental para garantir cidadania a quem vive do lixo.
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