São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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RECICLAGEM

Cooperativas buscam garantir direitos mínimos dos catadores e aumentar a auto-estima de seus integrantes

Reconhecimento da profissão é desafio

DA REPORTAGEM LOCAL

Para as cooperativas de catadores, o maior desafio agora é o reconhecimento legal da profissão, de forma a garantir direitos mínimos aos seus membros e uma melhor aceitação da população.
Entre os ganhos práticos da regulamentação está o reconhecimento da profissão pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social); entre os ganhos de auto-estima, a superação do constrangimento em se dizer catador na hora de preencher, por exemplo, uma proposta de financiamento.
Para conseguir isso, a "categoria" vem se organizando há mais de uma década. Hoje tem até uma cadeira no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). O próximo passo é ir para Brasília, pressionar por uma lei federal.
Pelo menos 1.500 catadores se encontrarão na capital federal, nos dias 4, 5 e 6 de junho, no primeiro Congresso Nacional dos Catadores. A pauta de discussões foi elaborada em encontros estaduais, como o realizado no mês passado em São Paulo. Estiveram presentes 300 catadores, representando cerca de 70 experiências de 40 municípios paulistas.
Entre as propostas que serão levadas para a reunião nacional estão, além do reconhecimento profissional, a garantia de inclusão dos catadores em programas municipais de coleta seletiva, a criação de linhas de financiamento específicas para cooperativas e associações e a criação de mecanismos de incentivo à indústria nacional da reciclagem.
A "marcha" até Brasília é organizada pela OAF (Organização do Auxílio Fraterno) em parceria com cooperativas de catadores e entidades como a Cáritas.
A atividade do catador já havia sido citada em 1857 pelo escritor francês Charles Baudelaire, no seu poema "O Vinho dos Trapeiros".
No Brasil, o trabalho era feito, no início do século 20, por imigrantes portugueses, que popularizaram a figura do garrafeiro. Com o desenvolvimento da sociedade industrial de consumo, outros materiais reaproveitáveis passaram a ser coletados.
A primeira ação para melhorar a situação dos catadores foi a ruptura da relação de exploração com o atravessador (que compra o material recolhido e o revende às indústrias de reciclagem) e a formação das primeiras cooperativas no final dos anos 80.
"Mas a maioria ainda está lá fora", lamenta Maria das Graças Maçal, a "dona Geralda", coordenadora da Asmare. Levar os "autônomos" para as associações é fundamental para garantir cidadania a quem vive do lixo.



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