São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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>Hospital de SP é o 1º a fazer aborto legal

DA REPORTAGEM LOCAL

Pioneiro na prática do aborto legal, o hospital municipal Artur Ribeiro Saboya, conhecido como hospital do Jabaquara, fez 939 interrupções de gravidez desde 1989, a maior parte em pacientes que sofreram estupros.
A vítima não precisa de boletim de ocorrência, mas passa por entrevistas com assistentes sociais, psicólogos, médicos e por uma bateria de exames. De acordo com o hospital, a maioria das mulheres que procura o serviço tem entre dez e 25 anos.
E como saber se de fato a mulher foi estuprada?
"Na conversa percebemos se ela está mentindo. Ontem atendi a uma moça que se contradisse muito. Você via que a história não casava. De qualquer maneira, a encaminhamos para uma consulta com o médico, ela faz exames e testes de doenças sexualmente transmissíveis", explica a coordenadora do serviço social do hospital, Irotilde Pereira.
A ginecologista Marília Namo Oliveira, chefe da maternidade do hospital, explica que, quando a mulher não foi estuprada, em geral erra nas contas. "Tive o caso de uma menina que estava com idade gestacional avançada e, pelas contas, já estava grávida quando fora estuprada."
A lei autoriza a interrupção também em casos de má formação do feto e de risco de morte para a mãe. Por má formação do feto entenda-se anomalia que resulte em incompatibilidade com a vida, como a anencefalia (ausência de cérebro).
Problemas como membros incompletos ou inexistentes (dedos, mãos, braços, pernas) e síndrome de Down não são considerados suficientes para a interrupção da gravidez. A grávida que chega ao hospital dizendo que quer abortar, mas não se encaixa em nenhuma das prerrogativas que dão acesso à interrupção legal, é desencorajada a fazê-lo.
Após passar por todas as avaliações, a grávida que espera um bebê com má formação precisa de uma autorização judicial, que leva até 15 dias. No hospital, a equipe que a avaliou assina um documento dizendo estar de acordo.
Dois abortos por mês é a média do hospital.


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