São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Ex-informante da polícia é recapturado

Delator da facção criminosa PCC foi preso em Santos, ao visitar namorada; ele estava foragido desde 2004

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Considerado o maior "arquivo vivo" com informações sobre ações criminosas da Polícia Militar de São Paulo, o assaltante de bancos Marcos Massari, 39, o Tal, foi recapturado sábado no bairro da Vila Belmiro, em Santos (85 km de SP).
Ele usava documentos falsos em nome de Eduardo Nascimento e, quando preso, visitava a namorada na cidade. Massari estava em um Palio Weekend e também tinha documentos que indicavam que ele trabalharia atualmente como motorista.
Ex-integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Massari traiu o grupo criminoso ao se tornar o maior colaborador dos PMs que integravam o Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos da Intolerância), destacamento da Polícia Militar que, teoricamente, deveria investigar crimes raciais.
Entre várias outras ações que envolveram PMs do Gradi, Massari também é acusado de colaborar na "Operação Castelinho", quando, em março de 2002, 12 pessoas, supostamente ligadas ao PCC, foram mortas por agentes da PM, no pedágio de uma rodovia perto de Sorocaba (100 km de SP).
Por conta das mortes, o Brasil é hoje alvo de uma ação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e, até outubro, poderá sofrer sanções internacionais pela "Operação Castelinho". Após as denúncias, o Gradi foi extinto.

Réus
Atualmente, 54 PMs, Massari e Gilmar Leite Siqueira, outro presidiário que era colaborador do Gradi, são réus em um processo pelas 12 mortes.
Massari estava foragido da Justiça desde agosto de 2004, quando fugiu armado e pela porta da frente da penitenciária de Itaí (301 km de SP). As circunstâncias da fuga até agora não haviam sido esclarecidas. Siqueira fugiu junto com ele e já havia sido recapturado.
De acordo com investigadores da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) da cidade, ele estava sendo monitorado havia pelo menos dois meses.
Até o momento da descoberta de sua verdadeira identidade, Massari era considerado apenas um ladrão de bancos. Sua foto está na lista de procurados que a Polícia Civil de São Paulo mantém na internet.
Massari, segundo declarou aos policiais que o prenderam, ainda vivia no mesmo endereço que constava na sua ficha de foragido da Justiça e nos registros da polícia paulista: na Vila Joaniza, na zona sul de SP.
Numa operação sigilosa, Massari foi levado sábado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente (74 km de SP), um presídio dominado por integrantes do PCC.
Ontem, o promotor Alfonso Presti, um dos que atuam no processo da "Operação Castelinho", disse que vai encaminhar um pedido para interrogá-lo.


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