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Ex-informante da polícia é recapturado
Delator da facção criminosa PCC foi preso em Santos, ao visitar namorada; ele estava foragido desde 2004
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerado o maior "arquivo vivo" com informações sobre ações criminosas da Polícia
Militar de São Paulo, o assaltante de bancos Marcos Massari, 39, o Tal, foi recapturado sábado no bairro da Vila Belmiro,
em Santos (85 km de SP).
Ele usava documentos falsos
em nome de Eduardo Nascimento e, quando preso, visitava
a namorada na cidade. Massari
estava em um Palio Weekend e
também tinha documentos que
indicavam que ele trabalharia
atualmente como motorista.
Ex-integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Massari traiu o
grupo criminoso ao se tornar o
maior colaborador dos PMs
que integravam o Gradi (Grupo
de Repressão e Análise dos Delitos da Intolerância), destacamento da Polícia Militar que,
teoricamente, deveria investigar crimes raciais.
Entre várias outras ações que
envolveram PMs do Gradi,
Massari também é acusado de
colaborar na "Operação Castelinho", quando, em março de
2002, 12 pessoas, supostamente ligadas ao PCC, foram mortas por agentes da PM, no pedágio de uma rodovia perto de Sorocaba (100 km de SP).
Por conta das mortes, o Brasil é hoje alvo de uma ação na
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e, até outubro, poderá
sofrer sanções internacionais
pela "Operação Castelinho".
Após as denúncias, o Gradi foi
extinto.
Réus
Atualmente, 54 PMs, Massari e Gilmar Leite Siqueira, outro presidiário que era colaborador do Gradi, são réus em um
processo pelas 12 mortes.
Massari estava foragido da
Justiça desde agosto de 2004,
quando fugiu armado e pela
porta da frente da penitenciária de Itaí (301 km de SP). As
circunstâncias da fuga até agora não haviam sido esclarecidas. Siqueira fugiu junto com
ele e já havia sido recapturado.
De acordo com investigadores da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) da cidade, ele
estava sendo monitorado havia
pelo menos dois meses.
Até o momento da descoberta de sua verdadeira identidade, Massari era considerado
apenas um ladrão de bancos.
Sua foto está na lista de procurados que a Polícia Civil de São
Paulo mantém na internet.
Massari, segundo declarou
aos policiais que o prenderam,
ainda vivia no mesmo endereço
que constava na sua ficha de foragido da Justiça e nos registros da polícia paulista: na Vila
Joaniza, na zona sul de SP.
Numa operação sigilosa,
Massari foi levado sábado para
o CDP (Centro de Detenção
Provisória) de São Vicente (74
km de SP), um presídio dominado por integrantes do PCC.
Ontem, o promotor Alfonso
Presti, um dos que atuam no
processo da "Operação Castelinho", disse que vai encaminhar
um pedido para interrogá-lo.
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