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Compra de livro com palavrão vai ser punida, afirma Serra
Para ele, entrega de obra a alunos de 9 anos é "advertência de que setor precisa melhorar"
Além de termos impróprios e conotação sexual, o livro também faz alusão à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital)
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador José Serra
(PSDB) disse ontem que serão
punidos os responsáveis pela
compra e distribuição a escolas
estaduais de um livro com conteúdo sexual e palavrões, que
seria usado como material de
apoio por alunos de nove anos.
Conforme a Folha informou
ontem, a pasta enviou 1.216
exemplares de uma obra que
contém expressões como "chupa rola" e "cu" a escolas que
atendem alunos da terceira série do ensino fundamental.
O livro, chamado "Dez na
Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol", seria usado como material de apoio a esses
estudantes. A editora Via Lettera, responsável pela obra,
afirmou que ela é voltada a
adultos e adolescentes.
Em nota, a Secretaria da
Educação admitiu anteontem
que errou ao incluir o livro no
programa Ler e Escrever (que
visa reforçar a alfabetização).
Disse ainda que os exemplares
estavam sendo recolhidos.
Ontem, Serra afirmou no
programa SPTV, da Rede Globo, que o problema foi "uma
advertência de que esse setor
precisa funcionar melhor".
O governador afirmou também que "por isso abrimos sindicância, e os responsáveis vão
ser punidos, porque realmente
cometeram algo muito errado".
A sindicância aberta tem 30
dias para ser concluída.
De acordo com o tucano, os
exemplares foram rapidamente retirados e, por isso, os alunos "praticamente" não tiveram acesso aos livros.
A obra foi incluída no material que os estudantes podem
usar nas salas de leitura, na
própria aula ou levar para casa.
Os livros chegaram às unidades na semana passada. A determinação de recolhimento,
feita pela Secretaria da Educação, ocorreu na sexta-feira.
Para Serra, o caso do livro
com teor sexual foi mais grave
que o erro nos mapas do material didático destinado à sexta
série, que contavam com dois
Paraguai -problema revelado
em março pela Folha.
"É muito menos sério um erro de impressão [alegação para
o problema nos mapas] do que
um livro que tenha um conteúdo como esse. Por sorte a distribuição foi muito pequena."
Pelo segundo dia seguido, a
reportagem pediu à secretaria
como é feita a escolha dos livros, mas não obteve resposta.
PCC
Além de palavrões, o livro
também faz alusão à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Em uma das 11
histórias em quadrinhos, é retratado o futebol em um presídio (o esporte é o tema da obra).
Em um dos quadrinhos, do
cartunista Lélis, aparecem presidiários com revólveres e uma
bandeira da facção, saudando
um time entrando em campo.
Em outro quadro, aparece
um balão promocional com a
frase "Entorpecentes Devil
-qualidade - organizações
PCC". A secretaria da Educação
disse que um dos motivos para
o recolhimento da obra foi a citação à organização criminosa.
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