São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2010

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Fiscalização mais rigorosa reduz mortes, diz professor

Ação contra álcool ao volante diminui sensação de impunidade, diz engenheiro de transportes

Para José Felex, redução de acidentes é lenta porque o motorista se torna uma "bomba" de tensão com tantos congestionamentos

DA REPORTAGEM LOCAL

A sensação de uma fiscalização rigorosa no trânsito tem importante efeito educativo na população e consegue invariavelmente reduzir o número de mortes, diz o especialista em trânsito José Bernardes Felex.
"O rigor é muito mais comentado e reduz muito a sensação de impunidade. Isso protege mais a população", afirma o engenheiro de transportes, professor titular aposentado da USP São Carlos.
Na capital de SP, segundo ele, essa redução é mais lenta porque os congestionamentos têm efeito muito nocivo no comportamento do motorista.
"Eles aumentam a tensão. Quando o motorista deixa o congestionamento, é uma bomba ambulante. Porque ele está nervoso, cansado e, em seguida, pode causar acidentes."
Para Felex, a redução do número de mortes na capital será percebida mais fortemente em seis meses, quando a abertura de linhas do metrô e a ampliação das marginais surtirem efeito. "Isso tudo vai fazer o número de acidentes se estabilizar. E, numa segunda etapa, os acidentes serão bastante reduzidos e também menos fatais."
Felex diz que a PM tem razão ao incluir a ampliação da frota como um dos fatores que dificultam a queda das mortes. Além de maior probalidade de acidentes, há o aumento do número de recém-habilitados.
O crescimento da frota, diz, vem acompanhado de ingrediente ainda mais "explosivo": a mudança do perfil do veículo adquirido pelo motorista jovem. "Antigamente, ele sonhava com um carro. Com a mudança dos preços, sonha com uma moto. Aí, engrossa o grupo de inexperientes no trânsito."
Uma mudança na lei poderá levar ainda mais gente à prisão.
Pela legislação, ninguém é obrigado a produzir provas contra si. Por isso, o motorista pode se recusar a passar pelo bafômetro. Ele é multado, mas pode se livrar de uma condenação porque a lei só prevê como crime o flagrante acima de 0,33 mg/l de álcool no sangue.
Sem o teste, não há como dizer quanto o motorista bebeu. O projeto de reforma do Código de Trânsito Brasileiro, em tramitação no Congresso, prevê que quem se negar a fazer o teste do bafômetro pode ser preso e responder por crime. (ROGÉRIO PAGNAN e EVANDRO SPINELLI)


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