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Fiscalização mais rigorosa reduz mortes, diz professor
Ação contra álcool ao volante diminui sensação de impunidade, diz engenheiro de transportes
Para José Felex, redução de acidentes é lenta porque
o motorista se torna uma "bomba" de tensão com tantos congestionamentos
DA REPORTAGEM LOCAL
A sensação de uma fiscalização rigorosa no trânsito tem
importante efeito educativo na
população e consegue invariavelmente reduzir o número de
mortes, diz o especialista em
trânsito José Bernardes Felex.
"O rigor é muito mais comentado e reduz muito a sensação de impunidade. Isso protege mais a população", afirma
o engenheiro de transportes,
professor titular aposentado da
USP São Carlos.
Na capital de SP, segundo ele,
essa redução é mais lenta porque os congestionamentos têm
efeito muito nocivo no comportamento do motorista.
"Eles aumentam a tensão.
Quando o motorista deixa o
congestionamento, é uma
bomba ambulante. Porque ele
está nervoso, cansado e, em seguida, pode causar acidentes."
Para Felex, a redução do número de mortes na capital será
percebida mais fortemente em
seis meses, quando a abertura
de linhas do metrô e a ampliação das marginais surtirem
efeito. "Isso tudo vai fazer o número de acidentes se estabilizar. E, numa segunda etapa, os
acidentes serão bastante reduzidos e também menos fatais."
Felex diz que a PM tem razão
ao incluir a ampliação da frota
como um dos fatores que dificultam a queda das mortes.
Além de maior probalidade de
acidentes, há o aumento do número de recém-habilitados.
O crescimento da frota, diz,
vem acompanhado de ingrediente ainda mais "explosivo":
a mudança do perfil do veículo
adquirido pelo motorista jovem. "Antigamente, ele sonhava com um carro. Com a mudança dos preços, sonha com
uma moto. Aí, engrossa o grupo
de inexperientes no trânsito."
Uma mudança na lei poderá
levar ainda mais gente à prisão.
Pela legislação, ninguém é
obrigado a produzir provas
contra si. Por isso, o motorista
pode se recusar a passar pelo
bafômetro. Ele é multado, mas
pode se livrar de uma condenação porque a lei só prevê como
crime o flagrante acima de
0,33 mg/l de álcool no sangue.
Sem o teste, não há como dizer quanto o motorista bebeu.
O projeto de reforma do Código
de Trânsito Brasileiro, em tramitação no Congresso, prevê
que quem se negar a fazer o teste do bafômetro pode ser preso
e responder por crime.
(ROGÉRIO PAGNAN e EVANDRO SPINELLI)
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