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SAÚDE
Hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde não vão receber pelas cesárias que excederem 40% dos partos
Governo limita verbas para cesariana
CRISTIANE FERNANDES
da Sucursal de Brasília
O Ministério da Saúde vai limitar
o número de cesarianas pagas com
recursos oficiais. A partir de junho, os hospitais conveniados ao
SUS (Sistema Único de Saúde) não
vão receber pelas cesárias que excederem 40% dos partos totais.
O ministro José Serra (Saúde)
disse ontem que, nos próximos
anos, o percentual de cesárias pagas vai diminuir ainda mais, até
atingir menos de 30%.
"O Brasil tem a maior média
mundial de partos cirúrgicos: 33%
do total de partos, contra 25% nos
EUA. No Estado do Mato Grosso
mais da metade dos partos são cesarianos", disse Serra.
A decisão foi anunciada pelo ministro Serra durante entrevista coletiva para divulgar o aumento de
cerca de R$ 1 bilhão ao ano nas
verbas para o SUS, o que significa
um aumento de cerca de 15% nos
recursos atuais do sistema.
A nova verba servirá a três finalidades: reequipar ambulatórios e
hospitais nas áreas de parto e
emergências, aumentar o teto de
pagamento para serviços nessas
duas áreas e formar uma câmara
de compensação para Estados que
atendem pacientes de outras localidades. Para operacionalizar a câmara, o ministério vai implementar o cartão SUS -uma espécie de
RG dos clientes do sistema.
O aumento do teto dos serviços
pagos pelo SUS será de, em média,
15% e se limita às áreas de assistência ao parto e emergência (trauma
e neurocirurgia).
Os investimentos em novos
equipamentos serão de R$ 100 milhões e atenderão 50 municípios
com mais de 500 mil habitantes
(assistência ao parto) e 38 municípios com mais de 200 mil habitantes (emergência).
Serra anunciou também que o
abono de 25% sobre os valores dos
serviços ambulatoriais e hospitalares vai ser incorporado à tabela
do sistema. Esse reajuste de 25%
vem sendo pago há dois anos sob a
forma de abono, o que, segundo o
ministro, provoca um atraso de
um mês no pagamento. De acordo
com Serra, todas as medidas devem entrar em vigor ainda neste
semestre.
Questionado sobre a origem da
nova verba, Serra disse que se trata
de complementações orçamentárias. "Não posso dizer ainda de
onde virá o dinheiro, mas eu garanto que ele existe", disse.
A assessoria de imprensa informou que o ministério ainda está
negociando com o governo federal
a vinda de novos recursos.
O ministério também vai lançar
uma campanha nacional, em
agosto, para prevenção do câncer
de colo de útero, com programas
na mídia e mutirão para exames
preventivos.
Segundo o ministro, é alta a
mortalidade por decorrência de
câncer de colo do útero no Brasil
devido à falta de informação sobre
a importância do exame preventivo e à má alocação de recursos para o exame.
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