São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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EDUCAÇÃO
Dirigentes universitários se recusam a fornecer ao ministério relação de grevistas; nova reunião ocorre hoje
MEC ameaça com destituição de reitores

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

ANA LÚCIA SCHETTINO
da Sucursal de Brasília

A greve nas universidades federais atingiu ontem o ponto de maior confronto desde seu início, no dia 31 de março. Os reitores mantiveram em reunião em Brasília a decisão de não entregar ao MEC (Ministério da Educação) listas com os nomes dos grevistas, para que seus salários sejam descontados.
Pouco depois, o secretário-executivo do MEC e um dos principais assessores do ministro Paulo Renato Souza, Luciano Oliva Patricio, disse: "Estamos trabalhando com a perspectiva de não chegarmos à situação limite, já determinada em lei, que é a intervenção" nas universidades.
O problema é que o decreto que fundamenta a decisão do MEC de não pagar os salários dos grevistas determina a exoneração das "chefias" -ou reitores- que não nomearem grevistas (leia texto abaixo).
Para o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), José Ivonildo do Rêgo, a falta de pagamento -previsto para a próxima segunda-feira- pode aumentar o número de professores em greve.
Hoje, será realizada, em Brasília, nova reunião com os reitores das 52 instituições federais de ensino superior para avaliar a posição da Andifes e discutir saídas para o impasse crescente.

Ofício
Em ofício assinado por Luciano Patrício e enviado às universidades no dia 13 de maio, o ministério informou que a liberação da folha de pagamento referente ao mês de maio será condicionada ao fornecimento das informações pedidas e à normalização das atividades com apresentação do calendário de reposição dos dias parados.
O presidente da Andifes disse que o procedimento dos reitores foi repassar, normalmente, a folha de pagamento, sem especificar se há ou não movimento grevista.
"Não vamos prestar esse tipo de informação por entender que os dias parados têm vinculação direta com a reposição do calendário escolar", disse ele.
Ele disse que "se houver o corte dos dias parados, os professores não vão querer fazer reposição". A atuação dos reitores, segundo ele, objetiva construir um canal de mediação entre o MEC e os professores.
O vice-presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), Fernando Pires, disse que "a ameaça do ministério não afeta a condução da greve". Nas assembléias dos professores realizadas no último final de semana, a decisão foi de continuar com o movimento de paralisação.



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