São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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Para ministro, traficante caiu em armadilha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, insinuou ontem que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teria caído em uma armadilha ao utilizar a rede de telefonia dentro do presídio de segurança máxima Bangu 1, no Rio de Janeiro.
"Ele estava sendo monitorado aqui [em Brasília" e talvez não tenha imaginado que seria monitorado lá. Foi por meio desse monitoramento que se tomou conhecimento de uma rede de informações que desmonta a estrutura que estava se criando dentro de um presídio de segurança máxima", disse Reale Júnior.
Antes de ser transferido para o Rio, onde já é condenado, Beira-Mar estava preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde chegou a utilizar por algum tempo um celular que estava sendo monitorado.

Tática
Segundo a Folha apurou, a Polícia Federal sabia que Beira-Mar utilizava um celular durante a sua permanência na superintendência, em Brasília, mas não apreendeu o aparelho para poder rastrear as conversas.
Isso só ocorreu quando a utilização do aparelho foi divulgada pela imprensa. Desde então, o traficante só conseguiu se comunicar novamente com os integrantes de sua quadrilha quando voltou para o Rio, segundo a PF.
Como a polícia já estava investigando os integrantes da quadrilha de Beira-Mar, assim que ele passou a se comunicar com outros traficantes foi possível descobrir seus planos por meio das conversas gravadas a pedido do Ministério Público do Rio.
A assessoria da Polícia Federal informou que o órgão aguardará uma comunicação do Ministério Público para aprofundar as investigações sobre a atuação da quadrilha do traficante.
Sobre a atuação do traficante em Bangu 1, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Melo, disse que a atual situação da segurança pública é altamente preocupante e que as instituições precisam atuar.
Ele defendeu o afastamento e a punição de funcionários dos presídios que sejam corruptos e que auxiliam os traficantes.
"Temos que punir aqueles que se desviaram da boa conduta. Sem dúvida alguma, não posso imaginar que tudo isso tenha ocorrido sem o conhecimento daqueles que estavam dirigindo e trabalhando na penitenciaria", disse Marco Aurélio.

FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem "que a coisa vai mal" quando zonas de algumas cidades são controladas por um "chefão ou um chefinho".
Para ele, é preciso que o Estado retome a ordem nas regiões controladas pelo narcotráfico.
Ontem, a Secretaria Nacional de Justiça colocou à disposição do governo do Rio R$ 160 mil para compra e instalação de bloqueadores de telefones celulares no presídio de Bangu 1.



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