São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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Ex-diretor de presídio é investigado

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DANIELA MENDES

DA SUCURSAL DO RIO

O delegado Irineu Barroso, da 34ª Delegacia Policial do Rio, disse que suspeita do envolvimento de Durval Pereira de Melo, ex-diretor de Bangu 1, e de agentes penitenciários com a entrada de equipamentos de telefonia, armas e drogas no presídio.
Anteontem, o Ministério Público Estadual encontrou no presídio telefones celulares e equipamentos que funcionariam como uma central telefônica, permitindo que os presos mantivessem o controle sobre seus negócios.
Sob o comando de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, os presos compravam armas e equipamentos de comunicação. Chegaram a encomendar um míssil.
Para o delegado, a existência de uma central telefônica clandestina no presídio é indício suficiente para levantar suspeitas contra a direção e os funcionários. "Se revistar, não entra uma agulha. É porque existe conivência."
Por decisão judicial, Melo e todos os agentes penitenciários de Bangu 1 foram afastados dos cargos. Todos podem ser indiciados por formação de quadrilha, corrupção e tráfico de entorpecentes.
Procurado pela Folha, Melo não foi localizado. Ao depor anteontem, ele negou ter sido conivente com a entrada de equipamentos na prisão. Ele disse ter notícia de que um celular havia sido apreendido com um preso, mas não sabia dos demais.
Na sala da custódia -onde são guardados objetos de valor dos presos- foram apreendidos cinco celulares, segundo o Ministério Público. Os aparelhos são proibidos dentro do presídio.
O ex-diretor de Bangu 1 disse no depoimento que os entorpecentes são às vezes carregados para dentro do presídio pelas mulheres dos presos, que os escondem na vagina. Há um mês, segundo Melo, foi apreendida uma pistola com presos da facção ADA (Amigo dos Amigos), "mas certamente não entrou numa vagina".

Voto de confiança
O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), Edson de Oliveira Rocha Júnior, depôs ontem na 34ª DP. Ele defendeu o diretor do presídio, que disse ser de sua "inteira confiança". "Não acredito que ele tenha envolvimento. O ônus da prova cabe a quem acusa, no caso, o Ministério Público", disse.
Rocha Júnior admitiu que houve falha na revista dos presos. "Tem que existir ou negligência ou conivência", afirmou.
Sobre os celulares, ele disse que, ao contrário do divulgado pelo Ministério Público, foram encontrados no cofre da prisão quatro carcaças desativadas e apenas um aparelho em condições de funcionamento. Segundo ele, o aparelho havia sido apreendido em poder de um preso e estava na sala de custódia à espera da conclusão de um procedimento interno de investigação.



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