Seguradora está pagando 17.500 (cerca de R$ 49 mil) por passageiro; associação dos parentes vê possível "armadilha"

Valor pago se baseia em convenção internacional; embaixador francês diz que ele não impede que outras indenizações sejam pagas

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
DA SUCURSAL DO RIO

Os parentes das vítimas do voo AF 447 já começaram a receber um adiantamento da indenização pelas mortes, no valor de 17.500 (cerca de R$ 49 mil) por passageiro, informou Pierre Jean Vandoorne, embaixador francês encarregado de apoiar as famílias.
"É uma primeira ajuda. Esse adiantamento não é um obstáculo para ações judiciais que poderão ser tomadas", disse Vandoorne. O Airbus da Air France caiu na noite de 31 de maio, com 228 pessoas a bordo.
Os valores pagos pela seguradora se referem ao dano material. Eles se baseiam na Convenção de Montréal, que define regras sobre o transporte aéreo internacional e a responsabilidade das empresas.
De acordo com Valérie Leselbaum, porta-voz da seguradora Axa, o adiantamento visa suprir as primeiras necessidades das famílias. "Vamos examinar minuciosamente cada caso para determinarmos, posteriormente, o valor total das indenizações. Não há um limite para o que poderá ser pago."
O total oferecido pela Axa, segundo Maarten van Sluis, irmão da passageira Adriana van Sluijs, é de cerca de R$ 250 mil.
Do lado das vítimas, porém, o pagamento da primeira parcela suscita dúvidas. "Tenho aconselhado os membros da Associação de Defesa dos Direitos das Vítimas do Voo AF 447 a não aceitarem essa primeira parte. Acredito que possa ser uma armadilha que dificultará outros processos que vamos mover", disse Thomas Meier, advogado da associação que reúne 40 famílias.
Segundo ele, as indenizações podem chegar a 1 milhão (cerca de R$ 2,8 milhões) por passageiro. "Nosso processo não será só contra a Air France e a Airbus. Vamos processar todos os fabricantes de peças que tenham eventualmente contribuído para a pane."

Destroços
Mais 133 fragmentos do acidente com o Airbus foram levados ontem para Recife (PE), onde outros 400 restos da aeronave já estavam. Entre as peças estão uma poltrona, roupas, um armário, gavetas, tampas de bagageiro, máscaras de ar e pedaços da fuselagem.

Colaborou a Agência Folha, em Recife

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