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FOCO
Cidade Limpa expõe fiação inútil nas fachadas das lojas da rua Augusta
MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO
A retirada dos letreiros das
lojas da rua Augusta, após a
Lei Cidade Limpa, era mais
uma esperança de revitalizar
a via. Porém, acabou revelando um emaranhado de
fios expostos ao público.
A teia antes ocultada pelas
placas causa má impressão.
Parte dos fios está sem uso e
apenas contribui para a poluição visual.
Ela aparece em várias fachadas entre a Paulista e a
rua Estados Unidos, trecho
mais nobre da Augusta.
Foi justamente ali onde
uma obra do século passado
enterrou a fiação e retirou os
postes -só sobram os que
têm lâmpadas. Isso facilitou
caminhar pelas estreitas calçadas da rua, então ponto
efervescente do comércio.
Contudo, a fiação que vai
para as lojas foi feita por
meio de tubos. Eles surgem a
cada dois ou três imóveis e
sobem colados à fachada. Já
no alto, liberam os fios que
entram nos imóveis. À época,
os outdoors vieram a calhar.
Os donos de loja admitem
que a situação é vergonhosa
e que deixam a rua em situação desfavorável se comparada a outros redutos comerciais como a Oscar Freire.
Eles culpam o Cidade Limpa pela situação. Reclamam
da falta de iniciativa da Telefônica e da Eletropaulo, mas
não tomam iniciativa de realizar reformas nas lojas que
permitam a entrada da fiação
subterrânea.
Há 15 anos proprietária de
uma loja de cosméticos na região, Mônica Larroca lamenta. "É uma pena a rua estar
assim. Ela tem um potencial
enorme. O Cidade Limpa prejudicou", afirma.
Ivan Mello, que até 2007
foi lojista e presidiu associação, conta que tentou internalizar os fios de sua antiga
loja. Esbarrou na Telefônica,
que segundo ele não deixou.
Ele conta que fez um teste
e cortou 30 fios de sua fachada -só duas linhas de telefone caíram na região.
Mello culpa os lojistas em
parte pelas mazelas da rua.
Segundo ele, nem todos querem investir. "Levei prejuízo
até para colocar luzes de Natal perto de onde ficava minha loja. Ninguém quer por a
mão no bolso", diz.
OBRAS
Procurada pela reportagem, a Telefônica informou
que fará um projeto para eliminar a exposição dos fios.
Uma das lojas com mais problemas já receberia obras ontem, segundo a empresa.
Já a AES Eletropaulo diz
que o sistema de cabeamento
na rua é normal e adotado
também em outros locais.
A concessionária de energia afirma que moradores
que fizeram obras em seus
imóveis que permitiram a entrada da tubulação subterrânea foram atendidos.
Não há registro de reclamações referentes a fios inúteis, segundo a Eletropaulo.
A rua Augusta não integra
programa de recuperação de
fachadas criado pela prefeitura após a Lei Cidade Limpa.
Entre 2006 e 2007, a prefeitura reformou a calçada da via.
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