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SAÚDE
Segundo o Ministério da Saúde, região tem o maior crescimento do número de casos e a maior incidência da doença no país
Sul lidera o avanço da Aids no Brasil
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
O primeiro relatório de 1998 de
novos casos de Aids, divulgado
ontem pelo Ministério da Saúde,
indica que o Sul é a região do país
onde a epidemia mais cresce.
A incidência da doença nessa região (casos por 100 mil habitantes)
subiu de apenas 1,9, em 1989, para
11,5, em 1997/1998. É a maior taxa
de incidência das cinco regiões.
Segundo o ministério, o número
de novos casos por ano no Sul é de
1,33 por 100 mil. No Sudeste, onde
há o maior número de casos notificados desde 1980, a epidemia
cresce a 0,55 por 100 mil.
Essa tendência já vinha sido observada no fim do ano passado,
mas foi confirmada pelos casos de
doentes de Aids registrados até fevereiro deste ano.
"A epidemia está resistindo no
Sul em grupos de usuários de drogas injetáveis e em heterossexuais.
Por isso, decidimos fazer um plano emergencial para essa região",
afirma Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de Aids
do ministério.
Ao todo, o Sul registrou até hoje
16.274 casos do total de 128.821 registrados no país desde 1980, segundo relatório divulgado ontem.
Calcula-se que o uso de drogas seja
responsável por quase 40% das
novas infecções no Sul. No país,
esse percentual é de 25%.
O crescimento da participação
dos heterossexuais no total de casos foi o maior na região Sul do
que nas outras. Subiu de 13,5% para 36,5% entre 1987 e 1997.
O plano emergencial foi traçado
pelo ministério em um encontro,
ocorrido em abril, que reuniu
membros do ministério e representantes dos três Estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul) e de 39 municípios. Para
conter a epidemia, o ministério
convocou os secretários da Saúde
para que intensifiquem os programas de prevenção.
A preocupação com a região Sul
também pôde ser sentida no discurso do ministro José Serra, que
ontem divulgou o relatório. Ele
ressaltou o fato de o Brasil ter um
dos melhores programas contra a
epidemia da Aids no mundo, mas
criticou as filas do Hospital das
Clínicas de Porto Alegre.
"Eu só espero que o Rio Grande
do Sul dê um jeito no Hospital das
Clínicas, que é o único lugar onde
há fila na emergência para Aids",
disse o ministro ontem no Hospital Emílio Ribas (São Paulo).
Serra veio à cidade só para anunciar o relatório de novos dados de
casos notificados, que é divulgado
trimestralmente pelo ministério.
Segundo ele, em 1998, serão gastos R$ 428 milhões apenas com remédios (chamados de coquetel)
contra o vírus HIV -que causa a
Aids- mais R$ 228 milhões com
o resto do programa. A previsão
para o ano que vem é que sejam
gastos apenas com remédios cerca
de R$ 600 milhões.
O ministro também afirmou que
pretende tentar retirar os impostos sobre a camisinha e baratear os
seus custos. "Prevenção custa
apenas um décimo do tratamento
da Aids", disse Serra.
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