|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Ministro diz que, em vez de proposta de adaptação de seu plano, recebeu comunicado de aumento de cerca de 18%
Migração não interessa a empresas, diz Costa
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, ainda não aderiu ao programa de migração dos planos de
saúde nem pagou o aumento da
mensalidade imposto a ele pela
seguradora, de aproximadamente
18% em julho.
Em entrevista ontem em Recife,
Costa disse que a Bradesco Saúde,
com quem mantém contrato há
cerca de 12 anos, ainda não lhe enviou a proposta de migração nem
o boleto de pagamento.
O ministro afirmou que seu plano, por não ser "top", não prevê a
cobertura de vários procedimentos médicos. "Vi que muita gente
já estava recebendo [a proposta
de migração] e liguei para saber
sobre a minha", declarou. "Disseram que até 15 de julho receberia,
mas não veio."
Segundo ele, em vez da proposta, recebeu uma carta comunicando o aumento. "Informaram que
o reajuste não daria direito a coberturas novas, que era só o aumento anual." A justificativa, disse, foi que "os custos hospitalares
tinham subido".
Questionado se vai pagar o reajuste e aderir ao programa de migração, Costa disse, em tom de
brincadeira, que iria antes "consultar a ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar)".
Depois, em tom de ameaça, voltou a afirmar que não vai tolerar
aumentos abusivos nas mensalidades dos planos antigos -contratados antes de 1999. Os reajustes, disse, só poderão ser superiores a 11,75% se houver cláusula específica nos contratos.
O ministro acusou as operadoras de não ter interesse na migração porque isso as obrigaria a custear procedimentos médicos de
alta complexidade. "Teriam de
pagar hemodiálise, transplante,
cirurgia cardíaca, uma série de
coisas que, hoje, quem paga para
eles é o Sistema Único de Saúde."
O Ministério da Saúde gasta R$
1,1 bilhão do seu orçamento anual
de R$ 30 bilhões só para custear as
hemodiálises, afirmou Costa. Se
os planos de saúde assumissem o
custo, disse, o governo economizaria, somente nesse procedimento, R$ 350 milhões.
"[As seguradoras] geraram
confusão, agiram de má-fé porque não têm interesse. Se estão
tendo prejuízo, colocam um preço que ninguém pode pagar e você sai. Essa é a jogada", afirmou.
Ainda segundo ele, "muitas entidades" de defesa do consumidor, "em algumas situações, sem
querer, acabam facilitando a vida
das operadoras" ao questionar a
migração na Justiça. O governo,
disse, continuará tentando derrubar as liminares que suspenderam o programa.
Após o impasse, o ministro declarou que pretende "repensar"
como serão feitas as migrações e
as adaptações. "Na adaptação,
não vejo problema maior. Vamos
ter que discutir como é que fica a
questão da migração, de que forma ela pode ser oferecida às pessoas, que não seja dessa maneira
que está sendo oferecida agora".
A assessoria da Bradesco Seguros informou que seria necessário
realizar uma pesquisa mais detalhada sobre o contrato com o ministro para saber o que está acontecendo no caso. Tudo indica, entretanto, que o contrato de Costa
não estaria incluído no contingente de segurados que recebeu
proposta de migração da empresa. O reajuste aplicado para o contrato do ministro, segundo a assessoria, seria de 18,89%.
Texto Anterior: Rio Claro: Justiça decreta prisão de padre suspeito de abuso Próximo Texto: Liminar proíbe reajuste abusivo em Uberlândia Índice
|