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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS
Familiares dizem que havia mais uma pessoa no avião
Funcionário da TAM pode ter embarcado sem fazer check-in e, por isso, não consta da lista de confirmados a bordo
Habilitado para conduzir
aviões menores, Stepanski
viajava a SP para fazer os
exames para obtenção da
licença do Airbus
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A situação do piloto Marcos
Stepanski, 27, ainda é um mistério. Desaparecido desde o fim
da tarde da última terça-feira,
ele teria embarcado no vôo JJ
3054 da TAM para Congonhas,
segundo parentes em Porto
Alegre. Mas seu nome não
consta na lista de passageiros
da companhia aérea.
A TAM informa que oferece
ajuda à família, mas não pode
confirmar se Stepanski embarcou porque seu nome não consta nos registros de check-in.
Neto de um comandante
aposentado da Varig, sobrinho
de outros dois pilotos e filho de
um comissário aposentado, ele
próprio ex-funcionário da antiga empresa aérea gaúcha, Stepanski, por ser piloto, pode ter
embarcado de carona pelo despacho de operações da TAM,
central que organiza a escala de
comissários e pilotos.
Habilitado para conduzir
aviões de menor porte, Stepanski viajava a São Paulo para
fazer os exames para obtenção
da licença do Airbus.
Família do ar
De acordo com familiares, a
noiva esteve na sala de operações da TAM acompanhando
Stepanski até a hora do embarque. O pai do piloto e a irmã gêmea -que estava na Europa e
voltou ao Brasil para o resgate
do corpo- estão em São Paulo.
"O avião estava cheio, mas ele
tinha de estar em São Paulo para as provas no dia 18. Foi horrível, a família está sem saber o
que fazer", disse a tia Laura Stepanski, de Porto Alegre. "O avô,
João Stepanski, voou por 40
anos", completou.
"A TAM até o momento não
tem a confirmação desse passageiro no vôo, mas ele era funcionário", afirmou a assessoria
da empresa às 20h de ontem.
A Associação dos Tripulantes
da TAM, a maior do setor na
América Latina, com 2.500
membros, interveio e informa
que, por ser piloto, Stepanski
não precisaria de cartão de embarque e é provável que ele tenha embarcado sem ter feito
check-in no saguão.
"Já fizemos a solicitação à
empresa, mas não tivemos resposta. Como ele não era filiado
à associação, não sabemos detalhes", disse Vera Abrão, do
departamento jurídico.
Contabilidade
Na noite do acidente, a TAM
havia informado que o número
de passageiros e de tripulantes
era de 176. No dia seguinte, o
número subiu para 186.
Ontem, a empresa disse não
saber explicar os métodos de
contabilidade e o porquê da diferença de dez pessoas de um
dia para o outro.
Por supostamente estar na
cabine do Airbus, o primeiro
ponto de impacto contra o prédio da TAM Express, o corpo de
Stepanski por ainda não ter sido recolhido.
É que, embora tenham o mapeamento de onde estão os cadáveres, os bombeiros não têm
acesso a todas as áreas do prédio, que corre risco de desabamento. Uma das hipóteses ainda não descartadas é a de implosão da estrutura para depois
recolher os corpos restantes.
"Um senhor, que também é
comandante e estava lá na hora
do vôo aqui em Porto Alegre,
viu que ele entrou lá na cabine e
ficou sentado no banquinho.
Meu sobrinho está esperando
ser retirado", afirmou a tia Laura Stepanski. "Foi uma cremação viva", completou.
A mãe de Marcos Stepanski,
Carmen Vera, está em Porto
Alegre, abalada e, segundo parentes próximos, ainda sem
acreditar na morte do filho por
ter pai, irmãos e marido na
aviação comercial.
Carlos Henrique, pai de Marcos, fica em São Paulo até que o
corpo do filho seja encontrado
e levado de volta ao Rio Grande
do Sul, segundo familiares.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI
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