São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS

Familiares dizem que havia mais uma pessoa no avião

Funcionário da TAM pode ter embarcado sem fazer check-in e, por isso, não consta da lista de confirmados a bordo

Habilitado para conduzir aviões menores, Stepanski viajava a SP para fazer os exames para obtenção da licença do Airbus

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A situação do piloto Marcos Stepanski, 27, ainda é um mistério. Desaparecido desde o fim da tarde da última terça-feira, ele teria embarcado no vôo JJ 3054 da TAM para Congonhas, segundo parentes em Porto Alegre. Mas seu nome não consta na lista de passageiros da companhia aérea.
A TAM informa que oferece ajuda à família, mas não pode confirmar se Stepanski embarcou porque seu nome não consta nos registros de check-in.
Neto de um comandante aposentado da Varig, sobrinho de outros dois pilotos e filho de um comissário aposentado, ele próprio ex-funcionário da antiga empresa aérea gaúcha, Stepanski, por ser piloto, pode ter embarcado de carona pelo despacho de operações da TAM, central que organiza a escala de comissários e pilotos.
Habilitado para conduzir aviões de menor porte, Stepanski viajava a São Paulo para fazer os exames para obtenção da licença do Airbus.

Família do ar
De acordo com familiares, a noiva esteve na sala de operações da TAM acompanhando Stepanski até a hora do embarque. O pai do piloto e a irmã gêmea -que estava na Europa e voltou ao Brasil para o resgate do corpo- estão em São Paulo.
"O avião estava cheio, mas ele tinha de estar em São Paulo para as provas no dia 18. Foi horrível, a família está sem saber o que fazer", disse a tia Laura Stepanski, de Porto Alegre. "O avô, João Stepanski, voou por 40 anos", completou.
"A TAM até o momento não tem a confirmação desse passageiro no vôo, mas ele era funcionário", afirmou a assessoria da empresa às 20h de ontem.
A Associação dos Tripulantes da TAM, a maior do setor na América Latina, com 2.500 membros, interveio e informa que, por ser piloto, Stepanski não precisaria de cartão de embarque e é provável que ele tenha embarcado sem ter feito check-in no saguão.
"Já fizemos a solicitação à empresa, mas não tivemos resposta. Como ele não era filiado à associação, não sabemos detalhes", disse Vera Abrão, do departamento jurídico.

Contabilidade
Na noite do acidente, a TAM havia informado que o número de passageiros e de tripulantes era de 176. No dia seguinte, o número subiu para 186.
Ontem, a empresa disse não saber explicar os métodos de contabilidade e o porquê da diferença de dez pessoas de um dia para o outro.
Por supostamente estar na cabine do Airbus, o primeiro ponto de impacto contra o prédio da TAM Express, o corpo de Stepanski por ainda não ter sido recolhido.
É que, embora tenham o mapeamento de onde estão os cadáveres, os bombeiros não têm acesso a todas as áreas do prédio, que corre risco de desabamento. Uma das hipóteses ainda não descartadas é a de implosão da estrutura para depois recolher os corpos restantes.
"Um senhor, que também é comandante e estava lá na hora do vôo aqui em Porto Alegre, viu que ele entrou lá na cabine e ficou sentado no banquinho. Meu sobrinho está esperando ser retirado", afirmou a tia Laura Stepanski. "Foi uma cremação viva", completou.
A mãe de Marcos Stepanski, Carmen Vera, está em Porto Alegre, abalada e, segundo parentes próximos, ainda sem acreditar na morte do filho por ter pai, irmãos e marido na aviação comercial.
Carlos Henrique, pai de Marcos, fica em São Paulo até que o corpo do filho seja encontrado e levado de volta ao Rio Grande do Sul, segundo familiares.


Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI


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