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Burocracia impede filho de ver corpo do pai pela última vez
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Depois do choque de perder
um parente no maior acidente
da aviação aérea brasileira, veio
a dor de lidar com a burocracia
do enterro.
A família de José Luiz Pinto,
53, gerente comercial do SBT
no RS, tentou cremar o corpo
para que o filho, que mora na
Austrália, pudesse participar
de uma última homenagem ao
pai, jogando suas cinzas.
Os parentes desistiram da
idéia ao saber que há uma lei federal, a 6.015, de 1973, que diz
que, em casos de morte violenta -como as que ocorreram no
Airbus-A320 da TAM- a cremação só pode ocorrer após a
autorização da Justiça. O intuito da norma é que provas de
possíveis crimes não sejam destruídas. Diante da possibilidade de ter de esperar ao menos
mais 12 horas pela decisão, a
idéia foi, então, abortada.
O corpo do funcionário do
SBT foi o primeiro a chegar e a
ser velado em Porto Alegre. Ele
deve ser enterrado hoje.
Como o filho Igor, 19, ainda
tentava pegar o avião em
Sydney para chegar a Porto
Alegre à noite, a probabilidade
de ver o caixão e o corpo do pai
pela última vez era pequena.
A filha Débora, 26, turismóloga, trabalhava no Pan do RJ
quando soube da morte. Conseguiu chegar a tempo de ver o
corpo do pai.
Um dos idealizadores do festival de música Planeta Atlântida, Pinto ia para SP junto com
João Brito, 45, diretor regional
do SBT, para uma reunião com
alguns anunciantes.
Seu corpo foi reconhecido
graças aos documentos, que estavam quase intactos mesmo
depois do incêndio na aeronave, segundo parentes.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES, FLÁVIO ILHA, SIMONE
IGLESIAS e MARI TORTATO)
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