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Ministério da Saúde foca ação em casos graves
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
As mudanças recentes no
protocolo de atendimento da
gripe suína do Ministério da
Saúde revelam como a doença
vem sendo tratada cada vez
mais como epidêmica no Brasil.
O objetivo primordial passou a
ser evitar mortes -e, não mais,
impedir a todo custo a disseminação do vírus pelo país.
Em vez de tentar diagnosticar todo caso suspeito, o objetivo é tratar quem está em estado
grave. Só estes são levados para
hospitais de referência a fim de
confirmar a presença do vírus.
O isolamento domiciliar deixou de ser recomendado a pacientes suspeitos e confirmados da gripe. A quarentena era
usada para evitar que o vírus se
espalhasse e contaminasse, por
exemplo, parentes do doente.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde,
a recomendação agora é para
que a pessoa fique em casa por
alguns dias, o que também é
aconselhado na gripe comum.
Isolamento, só hospitalar e para pacientes em estado grave.
As unidades de saúde não
precisam mais investigar vínculos do paciente com o exterior ou fazer a perguntas sobre
viagens. Precisam só verificar
se o paciente tem uma doença
respiratória grave, não importa
qual, para encaminhá-lo.
Ao examinar só pacientes
graves, a ideia é diminuir a
morbidade e não sobrecarregar
o sistema de saúde. A restrição
à realização de exames foi recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
As mudanças culminaram
com o anúncio, na última quinta, de que o vírus já circula no
país, depois que não foi possível
rastrear a origem da contaminação de uma menina de 11
anos de Osasco, que morreu em
razão da gripe. O país já tem
portanto a transmissão sustentada do vírus -não é mais obrigatório um vínculo com o exterior para contrair a doença.
Para o infectologista da USP,
Fábio Leal, as alterações no
protocolo de atendimento indicam uma "nova abordagem".
"A prevenção da transmissão
é muito difícil. O objetivo era
mais retardar do que evitar. Essas eram as medidas iniciais e o
objetivo era preparar o sistema
de saúde para o que está por vir.
Criar um fluxo para que os pacientes sejam atendidos adequadamente quando os casos
se complicarem e chegar a um
número menor possível de
mortes", afirma o médico.
Controle
Algumas ações voltadas à
contenção da entrada no vírus
serão mantidas. A Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) receberá ajuda do
Exército para recolher declarações de saúde de viajantes nas
fronteiras terrestres. O documento também tem de ser entregue por viajantes de voos internacionais.
Além das ações de vigilância,
o governo monitora e controla
o desenvolvimento do vírus no
país por meio de uma rede sentinela. São 62 unidades de saúde que já monitoram a gripe comum e buscam detectar, por
exemplo, as cepas do vírus que
circulam para ajudar na formulação da vacina anual.
O sistema, contudo, é reconhecidamente falho segundo o
próprio governo, o que desperta questionamentos sobre se o
governo tem o controle sobre a
real dimensão da disseminação
da gripe suína no Brasil.
Também integram desse sistema de controle os exames feitos nos hospitais referência.
Entretanto, os últimos balanços com o número de casos
-superiores a mil- não são
mais confiáveis em razão das
restrições impostas pelo ministério. A OMS anunciou na última sexta que não contaria mais
os casos da gripe no mundo.
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