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CANDELÁRIA PAULISTA
Após ataque a moradores de rua, prefeitura e Estado trocam acusações; Marta Suplicy manda coroas de flores
Polícia não tem pistas dos autores do crime
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia de São Paulo ainda
não tem pistas sobre os responsáveis pelos ataques a moradores de
rua ocorridos na madrugada de
ontem. O secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Saulo de
Castro Abreu Filho, disse, no início da noite, em entrevista ao programa "Brasil Urgente", da TV
Bandeirantes, que nenhuma hipótese pode ser descartada.
De acordo com o secretário, o
responsável pelos crimes "pode
até ser um psicopata, alguém com
um problema mental".
Durante todo o dia de ontem, o
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que
investiga o caso, trabalhou com o
número de oito agredidos.
Só às 21h a assessoria da Secretaria da Segurança confirmou que
os dois homens internados na
Santa Casa também seriam vítimas do mesmo ataque -mais de
12 horas após eles terem sido internados. A Secretaria Municipal
da Assistência Social, porém, já
informava, à tarde, que eram dez
as vítimas dos ataques.
Na tarde de ontem, o delegado
Luis Fernando Lopes Teixeira, do
DHPP, destacou que nenhuma
hipótese estava descartada e classificou os crimes de "barbárie".
Teixeira afirmou que a polícia
havia localizado duas testemunhas, que ainda precisariam ser
ouvidas oficialmente. Uma delas,
porém, já declarou não se lembrar
de nada por estar embriagada.
Na TV, porém, o secretário
Abreu Filho chegou a afirmar que
"não é incomum, entre moradores de rua, que haja homicídios
entre eles". Segundo ele, "há homicídios até em disputas por cobertores, pois os moradores de
rua não têm freio limitório [sic],
seus limites são loucos".
Logo depois, no entanto, disse
não acreditar que tenha sido este
o caso. "O que é incomum é essa
série." Ele prometeu que vai investigar e esclarecer o caso.
Bate-boca
O ataque acabou provocando
novo bate-boca entre a candidata
à reeleição Marta Suplicy (PT) e o
secretário estadual da Segurança
Pública. A prefeitura divulgou nota com críticas à ação do Estado,
comandado pelo PSDB, partido
de José Serra, principal adversário
da petista na disputa.
"É um dever do Estado proteger
as pessoas da violência e da criminalidade. Este brutal assassinato
evidencia as terríveis carências
em matéria de segurança pública
e exige que todos assumam seu
lugar no combate contra esse flagelo. Só a união de todos pode dar
um basta na onda de crimes, seqüestros, assaltos e assassinatos
que tomaram conta do dia-a-dia
dos brasileiros", diz a nota oficial.
No final da noite de ontem, a secretaria divulgou nota rebatendo
as acusações da prefeitura. "O trabalho de combate à criminalidade
está sendo feito. Ressaltamos que
a retirada dos menores e moradores de rua é atribuição da prefeitura, cabendo à polícia a obrigação
legal de prender criminosos."
Disse ainda que o trabalho de
policiamento ostensivo na região
central reduziu em 36% os homicídios na região no começo do
ano. Na nota, também afirma que
a PM tenta encaminhar os moradores de rua, mas "não há albergues disponíveis". A informação é
contestada pela prefeitura.
Três coroas de flores em nome
da prefeita foram colocadas ontem, no começo da noite, nos
mesmos lugares onde os moradores de rua foram assassinados durante a madrugada anterior.
As coroas levavam faixas com a
inscrição "assassinados pela intolerância", além do nome de Marta, que é candidata à reeleição.
Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo,
as coroas foram compradas e colocadas nos locais das mortes por
uma decisão particular de Marta,
sem envolvimento da administração municipal.
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