|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA NO LIXO
Material era destinado a alunos do ensino fundamental; prefeitura terá que devolver dinheiro à União
4,7 toneladas de merenda se estragam no CE
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Auditores do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação), do Ministério da Educação, constataram a existência
de 4,7 toneladas de merenda escolar estragada em armazéns e escolas da Prefeitura de Fortaleza.
O prejuízo com o desperdício
da merenda, que seria destinada a
alunos do ensino fundamental,
foi calculado em R$ 8.256, dinheiro que deverá ser devolvido pela
prefeitura à União, já que a verba
foi dada pelo governo federal.
A denúncia de que haveria merenda estragada foi feita pelo
Conselho de Acompanhamento
Escolar, do qual participam pais
de alunos, que verificou, por meio
de relatórios sobre incinerações
da prefeitura, um volume grande
de alimentos sendo queimados
por estarem vencidos.
Depois da primeira denúncia,
em julho, os técnicos da Vigilância Sanitária começaram a visitar
os depósitos a pedido do FNDE e
a verificar as condições da merenda. Na terça, divulgaram o total de
alimentos estragados.
Ainda será investigado se os
produtos foram comprados, propositadamente, com o prazo de
validade curto, se houve negligência ou falta de planejamento.
Ao visitar três das seis secretarias regionais que estocam alimentos, técnicos encontraram 2,2
t de produtos estragados -macarrão, arroz, feijão, rapadura, farinha de mandioca e biscoito.
Os técnicos também encontraram outras 2,5 toneladas de merenda estragada em 49 escolas
municipais de ensino fundamental. Todos os produtos estragados
foram incinerados.
De acordo com a Secretaria da
Educação de Fortaleza, 243 mil
crianças recebem merenda, com
um consumo de 50 toneladas por
dia. As 4,7 toneladas seriam suficientes para alimentar, num dia,
cerca de 9.500 alunos.
Em 2003, a Prefeitura de Fortaleza recebeu do PNAE (Programa
Nacional de Alimentação Escolar,
do MEC), em verbas para a merenda escolar, R$ 6,1 milhões. Até
julho deste ano, foram repassados
à prefeitura mais R$ 3,7 milhões.
Superfaturamento
Esse não é o primeiro problema
do prefeito Juraci Magalhães
(PMDB) com a merenda escolar.
Em 2002, denúncias sobre compra superfaturada de alimentos
geraram uma CPI na Câmara Municipal, que culminou com um
pedido de cassação contra o prefeito e seu genro, o deputado estadual Sérgio Benevides (PMDB).
Nenhum dos dois foi cassado,
mas foram denunciados à Justiça
pelo Ministério Público. O caso
agora está no Tribunal Regional
Federal. Pelos cálculos da CPI, teriam sido desviados R$ 2 milhões
entre 1998 a 2000.
Texto Anterior: Acidente: Caminhão entala sob ponte e interdita pista Próximo Texto: Outro lado: Secretaria da Educação não comenta assunto Índice
|