|
Texto Anterior | Índice
ATENDIMENTO PRECÁRIO
Avaliação foi péssima; outros 52 têm prazo para melhorar
Ministério da Saúde exclui 10 hospitais psiquiátricos do SUS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três anos após a implantação da
lei da reforma psiquiátrica, o Brasil ainda tem 52 hospitais que oferecem atendimento insatisfatório,
o que representa 31% das 168 unidades vistoriadas pelo Ministério
da Saúde no ano passado.
Outros dez hospitais serão descredenciados do SUS (Sistema
Único de Saúde) e sofrerão intervenção federal pela "péssima"
qualidade de atendimento -cinco foram fiscalizados no ano passado e outros cinco, em 2002.
Os 52 hospitais com avaliação
insatisfatória terão 90 dias para
melhorar o atendimento. Se não
atingirem a meta, podem ter novas internações suspensas e até o
descredenciamento do SUS.
Esse é o resultado do Programa
Nacional de Avaliação dos Hospitais Psiquiátricos 2003/2004,
apresentado ontem pelo ministro
da Saúde, Humberto Costa. Pelo
documento, 85 unidades foram
consideradas regulares e 26, boas.
Uma das instituições que serão
descredenciadas, a Casa de Saúde
Dr. Eiras, privada, já está sob intervenção. Além dela, perderão o
vínculo com o SUS dois estabelecimentos estaduais -Hospital
Colônia Lopes Rodrigues, em Feira de Santana (BA), e Hospital Estadual Teixeira Brandão, do Rio.
Os demais são particulares.
A divulgação da lista ocorreu no
mesmo dia em que o ministro recebeu da Comissão de Direitos
Humanos da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) e do Conselho Federal de Psicologia balanço
final da blitz, feita em julho, em 38
hospitais psiquiátricos de 16 Estados e do Distrito Federal.
O balanço aponta casos de pacientes algemados, desnutridos,
submetidos a maus-tratos, desprotegidos contra o frio e sem supervisão médica adequada. Costa
se comprometeu a reavaliar instituições visitadas pelas entidades.
Humberto Costa disse que, para
incentivar a substituição progressiva de leitos psiquiátricos por
uma rede de atenção psicossocial,
o ministério está aumentando o
valor repassado às instituições
que adotem essa política.
Outro lado
O diretor administrativo da Casa de Saúde Dr. Eiras, Welson
Couto, disse que desconhece o
descredenciamento e que o hospital está sob intervenção da Secretaria Municipal da Saúde de
Paracambi (RJ) desde 18 de junho. Ainda segundo ele, há pelo
menos um ano não são feitas novas internações, conforme as recomendações da política federal.
Dentre as principais modificações apontadas pelo diretor desde
então há a contratação de 130 novos funcionários de nível auxiliar.
Os três novos nutricionistas contratados passaram a garantir o
mínimo de 2.500 calorias por refeição, afirma. As refeições anteriores, supervisionadas pelo único nutricionista da casa, contavam com 1.038 calorias.
O hospital tem atualmente 30
médicos, entre psiquiatras e clínicos, e 890 pacientes.
Uma das unidades privadas afetadas pelo descredenciamento é o
Sanatório São Paulo, entidade que
funciona há 50 anos em Salvador.
Antonio Eupídio Lima, diretor
da entidade, disse ontem que não
recebeu nenhuma notificação do
ministério. "É uma surpresa para
mim. Estamos funcionando normalmente", afirmou.
Segundo Lima, o sanatório possui capacidade para 220 leitos,
mas, "dentro do projeto do Ministério da Saúde, estamos trabalhando com menos de 160". Lima
disse também que o sanatório está passando por obras para melhorar o atendimento.
Colaboraram a Agência Folha, em Salvador, e a Sucursal do Rio
Os outros hospitais que serão descredenciados são: Sanatório Nossa Senhora
de Fátima, em Juazeiro (BA); Hospital Alberto Maia, em Camaragibe (PE); Hospital Santa Cecília, em Nova Iguaçu (RJ);
Fundação Hospital do Seridó, em Caicó
(RN); Instituto de Reabilitação Funcional,
em Campina Grande (PB); Casa de Saúde
Santa Catarina, em Montes Claros (MG)
Texto Anterior: Na areia: Mais uma baleia morre no Rio Índice
|