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Cresce o número de advogados punidos
No primeiro semestre deste ano, 703 profissionais receberam punições da OAB de SP, contra 607 no mesmo período de 2005
Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da ordem avalia que a explicação para o fato está no crescimento das inscrições na entidade
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo
puniu 703 advogados no primeiro semestre deste ano. Esse
número é 15,81% maior do que
foi avaliado no mesmo período
do ano passado, quando 607
profissionais foram censurados, advertidos, suspensos ou
excluídos da entidade.
De acordo com o balanço divulgado nesta semana pela entidade com os números dos seis
primeiros meses deste ano, sete advogados foram expulsos,
261 censurados ou advertidos e
435 suspensos.
Entre os suspensos estão
Maria Cristina de Souza Rachado, advogada de defesa de Marco Willians Herbas Camacho, o
Marcola, chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando
da Capital), e Sérgio Wesley da
Cunha, acusado de também defender integrantes do crime organizado. Ele nega. Outros sete
profissionais envolvidos com a
facção também estão suspensos preventivamente e não podem advogar.
Das infrações previstas, apenas o número de expulsões reduziu no primeiro semestre
deste ano em comparação ao
mesmo período do ano passado. As suspensões, censuras e
advertências aumentaram.
Mais inscritos
O presidente do Tribunal de
Ética e Disciplina da OAB-SP,
Braz Martins Neto, atribuiu o
aumento das punições ao crescimento do número de inscritos na ordem -aproximadamente 12 mil ao ano. "A demanda da advocacia é muito maior",
disse Martins Neto.
Ele explicou que a maioria
das expulsões foram motivadas
por prestações de contas irregulares. Ou seja, quando o advogado não repassa a seu cliente o que recebe por uma ação de
indenização, por exemplo.
O número de punições de advogados paulistas ainda não é
expressivo para as entidades
que representam a categoria no
Estado. A OAB-SP tem 250 mil
advogados inscritos, o que representa a metade de todos os
profissionais do país.
O presidente da Associação
dos Advogados do Estado de
São Paulo, Antonio Ruiz Filho,
ressalta que o aumento no número de punições ainda não é
expressivo a ponto de indicar
alguma mudança na OAB ou no
exercício da advocacia.
Ao apreciar os números
apresentados pela seccional
paulista, Ruiz destacou que não
é possível analisar a qualidade
das punições. "Não posso avaliar, por exemplo, se a OAB agiu
com rigor ou não e se as punições foram suficientes", disse.
Dever de punir
Na avaliação do presidente
do Instituto dos Advogados de
São Paulo, Tales Castelo Branco, a OAB sempre cumpriu com
o dever de punir advogados infratores, o problema está na falta de uma prova segura da infração ética. "O que me alegra é
que o número de punidos é
pouco expressivo para um universo de mais de 200 mil advogados", comentou.
A ética como disciplina nos
cursos de direito também entrou na discussão sobre a punição dos advogados. Castelo destacou a importância que as faculdades têm no processo de
formação de bons profissionais. Assim, a repressão não ficaria só por conta da OAB.
Para Martins Neto, ética não
se aprende, é vocação. "É razoável dizer que tem que se ensinar ética nas faculdades para
mostrar os mecanismos que a
OAB tem para fiscalizar a conduta ética dos advogados, mas
apenas como natureza pedagógica", disse.
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