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Lula quer "lei da mordaça" da PF mais rígida
Governo propõe mudança na legislação para permitir a demissão de policial federal que vazar dados sobre investigações
Modificação na lei está prevista no programa de segurança pública que
será anunciado hoje pelo presidente da República
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O maior programa de segurança pública financiado com
verbas federais, que será anunciado hoje pelo presidente Lula, prevê mudança na legislação
para permitir a demissão do
policial federal que se manifestar sobre investigações de que
esteja participando.
A modificação da lei em vigor, que é de 1965, está entre as
94 ações do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), pacote
que terá R$ 6,7 bilhões em investimentos com verbas federais nos próximos quatro anos.
O anteprojeto foi incluído no
pacote de segurança porque
institui um regime disciplinar
mais duro e ágil para os policiais federais, com o objetivo de
ampliar também as ações de
combate à corrupção policial
-pune com demissão, por
exemplo, o servidor que omitir
intencionalmente "bens ou valores" em declaração que apresentar à PF.
Atualmente, divulgar dados
de investigações é considerado
falha "grave", punível com suspensão de até 90 dias.
O anteprojeto, encaminhado
pelo Ministério da Justiça à Casa Civil em julho, institui penas
mínimas e prevê três condutas
relacionadas a vazamento de
informações.
Se divulgar ou proporcionar
a divulgação de "fatos ocorridos
na repartição", o policial poderá ser suspenso por um prazo
de 31 a 59 dias.
Se o policial divulgar ou proporcionar a divulgação de documentos oficiais, ainda que
não tenham caráter reservado,
a pena vai de 40 a 60 dias.
Já "manifestar-se sobre investigação que esteja sob sua
responsabilidade ou que dela
participe ou tenha conhecimento, sem estar autorizado"
pode sujeitar o servidor a suspensão entre 20 e 30 dias.
Demissão
Mas se, em razão dessa manifestação, o policial provocar algum prejuízo à investigação ou
expor a instituição (o que isso
significa não é detalhado no
texto do anteprojeto), o policial
poderá ser demitido, depois de
submetido a sindicância e a
processo disciplinar.
O ministro Tarso Genro
(Justiça) tem sistematicamente criticado vazamento de dados de investigações criminais.
Seu alvo mais recente tem sido a divulgação, ainda que pontual, de informações relativas
ao laudo no qual o Instituto Nacional de Criminalística irá comunicar o Conselho de Ética
do Senado se o presidente da
Casa, Renan Calheiros, teve ou
não receita suficiente para pagar, nos três últimos anos, pensão alimentícia e despesas de
uma filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.
Na semana passada, Tarso
disse que irá buscar informações no INC acerca do vazamento de dados sobre o laudo.
Escutas
O ministro também retomou
o polêmico debate sobre a reformulação da lei que disciplina o uso de escutas telefônicas,
que é de 1996.
A idéia, apresentada em
2003 pelo então ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi sepultada porque o texto do anteprojeto elaborado na
época enquadrava como crime
a divulgação, por jornalistas, do
conteúdo das escutas, que em
regra é protegido por sigilo de
Justiça. Por determinação do
ministro, quando retomado o
debate acerca da nova lei, foi
suprimida a criminalização da
conduta de jornalistas que
eventualmente divulgassem o
conteúdo dos diálogos.
O texto do anteprojeto, que
deve ficar pronto para ser enviado ao Congresso em setembro, deverá disciplinar também
o uso de escutas ambientais.
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