São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Abdelmassih sempre foi ético, diz advogado

José Luis Oliveira Lima, um dos defensores do médico, disse que protocolará hoje um novo pedido de habeas corpus

Advogado afirma que o médico, que apresenta um histórico de 20 mil clientes atendidas, nega as acusações relatadas

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado José Luis Oliveira Lima, um dos defensores do médico Roger Abdelmassih, disse ontem que vai recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para libertar seu cliente.
Ele diz que a prisão é ilegal e mantém a afirmação de que o médico é inocente. (RP)

 

FOLHA - Como o sr. recebeu a decisão do TJ [habeas corpus negado]?
JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA -
Respeito, mas não concordo. Essa decisão viola princípios constitucionais, entre eles o princípio da presunção de inocência.
Acho que essa decisão desrespeita jurisprudências do STF e do STJ, que reiteradamente vêm decidindo que a liberdade é a regra. Portanto amanhã [hoje], já amanhã, estamos indo a Brasília para protocolar um novo habeas corpus.

FOLHA - Por que tantas pessoas acusam seu cliente? São 39...
LIMA -
Eu respondo a esse seu número, de 39 mulheres, com 20 mil clientes, com 7.000 filhos a quem esse homem deu vida. Vinte mil clientes é um número fortíssimo. Nós estamos falando de 7.000 crianças.
De uma clínica respeitada no Brasil, referência no mundo.

FOLHA - Uma pessoa que pratica milhões de atos bondosos não está isenta de praticar um crime.
LIMA -
Não estou dizendo que o fato de ele ter praticado 10 mil atos bondosos o absolveria de eventuais atos não tão bondosos. Digo que não tem, por parte do doutor Roger, nenhum ato que não tenha conduta ética, correta e lícita. Essas afirmações são improcedentes. Ele nega, eu como advogado nego a participação dele em qualquer fato mencionado na inicial [documento apresentado pelo Ministério Público] ou na fala dessa senhora [não diz qual].

FOLHA - Seu cliente, em artigo publicado pela Folha, em janeiro, afirmou que não sabia a verdadeira motivação dessas denúncias. E hoje?
LIMA -
Não temos a motivação. Mas tem um dado que é muito importante. Até o início deste ano, nós tínhamos cinco ou seis mulheres que tinham feito reclamação. Após a divulgação do caso é que esse número ganhou essa proporção. Acho curioso isso. Não tenho uma opinião formada, mas acho curiosa essa corrente que foi feita contra meu cliente.

FOLHA - Numa entrevista, seu cliente cita medicamentos que provocam delírios. Mas, em alguns casos, não foi aplicada nenhuma medicação. Como ele explica isso?
LIMA -
Ele não tem que explicar. Porque ele nega que esses fatos tenham ocorrido. Ele nega a ocorrência desses fatos, portanto, não precisa explicar.

FOLHA - O número de denúncias não pode ter crescido por isso? Porque as mulheres consideraram que ele estava mentindo?
LIMA -
Essa é uma análise. Mas eu prefiro utilizar a expressão que utilizei: é um fato curioso.

FOLHA - Qual é o prejuízo para Abdelmassih com essa prisão?
LIMA -
Primeiro, tem o prejuízo moral. Estamos falando de um homem com cinco filhos, 14 netos. Há um abalo emocional muito grande. Hoje, quando eu disse a ele, disse a notícia [da recusa do habeas corpus], ele ficou profundamente emocionado. Foi muito pesado. O doutor Roger decidiu que, tão logo consiga a liberdade, vai se afastar da atividade médica.

FOLHA - Essa decisão também busca ajudar no recurso à Justiça?
LIMA -
Ele efetivamente quer preservar a sua clínica, que é uma clínica de referência, porque ele precisa se dedicar à sua defesa e, também, porque há um abalo pessoal. Ele é um ser humano que está sofrendo profundamente com o fato. Está num momento muito duro.

FOLHA - E a decisão do Cremesp?
LIMA -
Tomei conhecimento pela imprensa. Aliás, de todas as decisões do Cremesp, tomamos conhecimento pela imprensa. O Cremesp precisa entender que no Brasil há o direito de defesa. Primeiro, ainda estamos tentando determinar a instauração do procedimento.
Até agora não nos deram cópia. Segundo, é curioso que, quando o órgão decidiu pela instauração do processo, poderia, na ocasião, ter suspendido o registro do doutor Roger, e não o fez. Faz agora por quê? Por causa do sensacionalismo. Nós vamos tomar as medidas cabíveis.


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