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Abdelmassih sempre foi ético, diz advogado
José Luis Oliveira Lima, um dos defensores do médico, disse que protocolará hoje um novo pedido de habeas corpus
Advogado afirma que o médico, que apresenta
um histórico de 20 mil clientes atendidas, nega
as acusações relatadas
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado José Luis Oliveira Lima, um dos defensores do
médico Roger Abdelmassih,
disse ontem que vai recorrer ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça) para libertar seu cliente.
Ele diz que a prisão é ilegal e
mantém a afirmação de que o
médico é inocente.
(RP)
FOLHA - Como o sr. recebeu a decisão do TJ [habeas corpus negado]?
JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA - Respeito,
mas não concordo. Essa decisão viola princípios constitucionais, entre eles o princípio
da presunção de inocência.
Acho que essa decisão desrespeita jurisprudências do STF e
do STJ, que reiteradamente
vêm decidindo que a liberdade
é a regra. Portanto amanhã [hoje], já amanhã, estamos indo a
Brasília para protocolar um novo habeas corpus.
FOLHA - Por que tantas pessoas
acusam seu cliente? São 39...
LIMA - Eu respondo a esse seu
número, de 39 mulheres, com
20 mil clientes, com 7.000 filhos a quem esse homem deu
vida. Vinte mil clientes é um
número fortíssimo. Nós estamos falando de 7.000 crianças.
De uma clínica respeitada no
Brasil, referência no mundo.
FOLHA - Uma pessoa que pratica
milhões de atos bondosos não está
isenta de praticar um crime.
LIMA - Não estou dizendo que o
fato de ele ter praticado 10 mil
atos bondosos o absolveria de
eventuais atos não tão bondosos. Digo que não tem, por parte do doutor Roger, nenhum
ato que não tenha conduta ética, correta e lícita. Essas afirmações são improcedentes. Ele
nega, eu como advogado nego a
participação dele em qualquer
fato mencionado na inicial [documento apresentado pelo Ministério Público] ou na fala dessa senhora [não diz qual].
FOLHA - Seu cliente, em artigo publicado pela Folha, em janeiro, afirmou que não sabia a verdadeira motivação dessas denúncias. E hoje?
LIMA - Não temos a motivação.
Mas tem um dado que é muito
importante. Até o início deste
ano, nós tínhamos cinco ou seis
mulheres que tinham feito reclamação. Após a divulgação do
caso é que esse número ganhou
essa proporção. Acho curioso
isso. Não tenho uma opinião
formada, mas acho curiosa essa
corrente que foi feita contra
meu cliente.
FOLHA - Numa entrevista, seu
cliente cita medicamentos que provocam delírios. Mas, em alguns casos, não foi aplicada nenhuma medicação. Como ele explica isso?
LIMA - Ele não tem que explicar. Porque ele nega que esses
fatos tenham ocorrido. Ele nega a ocorrência desses fatos,
portanto, não precisa explicar.
FOLHA - O número de denúncias
não pode ter crescido por isso? Porque as mulheres consideraram que
ele estava mentindo?
LIMA - Essa é uma análise. Mas
eu prefiro utilizar a expressão
que utilizei: é um fato curioso.
FOLHA - Qual é o prejuízo para Abdelmassih com essa prisão?
LIMA - Primeiro, tem o prejuízo moral. Estamos falando de
um homem com cinco filhos, 14
netos. Há um abalo emocional
muito grande. Hoje, quando eu
disse a ele, disse a notícia [da
recusa do habeas corpus], ele ficou profundamente emocionado. Foi muito pesado. O doutor
Roger decidiu que, tão logo
consiga a liberdade, vai se afastar da atividade médica.
FOLHA - Essa decisão também busca ajudar no recurso à Justiça?
LIMA - Ele efetivamente quer
preservar a sua clínica, que é
uma clínica de referência, porque ele precisa se dedicar à sua
defesa e, também, porque há
um abalo pessoal. Ele é um ser
humano que está sofrendo profundamente com o fato. Está
num momento muito duro.
FOLHA - E a decisão do Cremesp?
LIMA - Tomei conhecimento
pela imprensa. Aliás, de todas
as decisões do Cremesp, tomamos conhecimento pela imprensa. O Cremesp precisa entender que no Brasil há o direito de defesa. Primeiro, ainda
estamos tentando determinar a
instauração do procedimento.
Até agora não nos deram cópia.
Segundo, é curioso que, quando
o órgão decidiu pela instauração do processo, poderia, na
ocasião, ter suspendido o registro do doutor Roger, e não o fez.
Faz agora por quê? Por causa
do sensacionalismo. Nós vamos tomar as medidas cabíveis.
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