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LAURITA CALMON DESSAUNE (1913-2010)
Vovó aventureira das estradas
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como ninguém a havia entrevistado, Laurita Calmon
queria saber quem era o misterioso autor do elogioso perfil dela num jornal de Vitória.
O texto assinado por um
pseudônimo grego era de autoria do advogado e professor de direito romano Jair
Etienne Dessaune, que havia
se encantado pelos olhos
azuis da personagem.
Casaram-se em meados
dos anos 30. Jair era um cavalheiro, fazia tudo por ela e a
tratava como uma princesa.
Laurita fazia o lanche das
reuniões na garagem onde
Jair fundou a Universidade
Federal do Espírito Santo.
A morte do marido em 71, a
abalou profundamente. Ela
percebeu que sem ele não
conseguia amarrar o sapato
nem assinar um cheque.
Com o francês que aprendeu, aos 17, no colégio no
Rio, foi a Paris conhecer um
grupo de viúvas de guerra. A
primeira grande viagem só.
Voltou a Vitória e, em 74,
partiu com a caçula dos oito
irmãos, Aurita, num fusca
até Belém. As duas rodaram
pelo país por um mês.
A dupla viajou pela Europa em 78 e 84. Em 2002 e
2004, voltaram a pegar a estrada e foram até o Paraguai.
As viagens repercutiram na
imprensa e as "Vovós Aventureiras" ganharam fama.
Eram reconhecidas, recebidas e aguardadas nas cidades espalhadas pelos mais 20
mil km que percorreram.
Laurita nasceu em Linhares (ES) e sonhava em voltar
a Treze Tílias (SC).
Morreu anteontem, aos 97,
em Vitória, em decorrência
de um câncer no ovário e falência dos rins. Deixa dois filhos, cinco netos e três bisnetos. A missa de sétimo dia
ainda não foi marcada.
coluna.obituario@uol.com.br
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