São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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LAURITA CALMON DESSAUNE (1913-2010)

Vovó aventureira das estradas

FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como ninguém a havia entrevistado, Laurita Calmon queria saber quem era o misterioso autor do elogioso perfil dela num jornal de Vitória.
O texto assinado por um pseudônimo grego era de autoria do advogado e professor de direito romano Jair Etienne Dessaune, que havia se encantado pelos olhos azuis da personagem.
Casaram-se em meados dos anos 30. Jair era um cavalheiro, fazia tudo por ela e a tratava como uma princesa.
Laurita fazia o lanche das reuniões na garagem onde Jair fundou a Universidade Federal do Espírito Santo.
A morte do marido em 71, a abalou profundamente. Ela percebeu que sem ele não conseguia amarrar o sapato nem assinar um cheque.
Com o francês que aprendeu, aos 17, no colégio no Rio, foi a Paris conhecer um grupo de viúvas de guerra. A primeira grande viagem só.
Voltou a Vitória e, em 74, partiu com a caçula dos oito irmãos, Aurita, num fusca até Belém. As duas rodaram pelo país por um mês.
A dupla viajou pela Europa em 78 e 84. Em 2002 e 2004, voltaram a pegar a estrada e foram até o Paraguai. As viagens repercutiram na imprensa e as "Vovós Aventureiras" ganharam fama.
Eram reconhecidas, recebidas e aguardadas nas cidades espalhadas pelos mais 20 mil km que percorreram.
Laurita nasceu em Linhares (ES) e sonhava em voltar a Treze Tílias (SC).
Morreu anteontem, aos 97, em Vitória, em decorrência de um câncer no ovário e falência dos rins. Deixa dois filhos, cinco netos e três bisnetos. A missa de sétimo dia ainda não foi marcada.

coluna.obituario@uol.com.br


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