|
Próximo Texto | Índice
CASA DE FERREIRO
O dinheiro, o equivalente a mais de R$ 2 milhões, estava na sala-forte, na sede do Rio; 59 policiais foram afastados
Dólares e euros somem da Polícia Federal
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
Duas portas e um armário arrombados e furto de mais de R$ 2
milhões em euros e dólares. A
ação ousada aconteceu no final de
semana dentro do prédio que
abriga a própria Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. O dinheiro tinha sido
apreendido durante a Operação
Caravela, que desarticulou uma
milionária quadrilha de traficantes internacionais. Estava guardado dentro da sala-forte.
Pelo menos 59 policiais, entre
eles cinco delegados, foram afastados temporariamente e estão
sendo interrogados sobre o furto,
que ocorreu entre a primeira hora
de domingo e a manhã de ontem,
segundo as investigações.
Os policiais que respondem a
sindicância interna são as duas
equipes que estavam no plantão
no final de semana -uma com
dois delegados, dois escrivães e 18
agentes e outra com três delegados e três escrivães- e mais 31
agentes da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes). A DRE
fez o registro das apreensões do
dinheiro e de 1,6 tonelada de cocaína da quadrilha.
"Esse crime é a prova do poder
de infiltração da quadrilha que
desarticulamos. Agora vamos investigar para dentro esse fato lamentável em um momento importante para a Polícia Federal",
disse o delegado Getúlio Bezerra,
diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.
O dinheiro estava dividido em
677.230, US$ 63.204 e R$ 21.905.
As cédulas estavam na sala-forte
da PF, que fica ao lado da DRE,
onde os ladrões arrombaram
duas portas e o armário dos escrivão-chefe do cartório. Lá, encontraram a chave da sala-forte.
Antes de pegar a chave, os ladrões mexeram no inquérito policial, para localizar onde estava o
dinheiro dentro da sala-forte.
Os ladrões saíram, deram a volta
pelo corredor e entraram na sala-forte, indo diretamente à prateleira onde estava o dinheiro, que foi
apreendido quinta-feira na cobertura de luxo, na Barra da Tijuca, de
um dos acusados de chefiar a quadrilha de tráfico.
"Eles não roubaram mais nada.
Havia outros valores na sala-forte,
mas não tocaram em nada", disse
o superintendente em exercício
da PF do Rio, Roberto Prel.
Peritos estão analisando as imagens de oito câmeras de vídeo, que
ficam espalhadas pelos andares da
superintendência do órgão no Rio
-três estão colocadas em bonecos (semelhantes a manequins) de
policiais federais e de um cão, no
primeiro lance de escadas da sede
da PF, na guarita externa e na sala
do superintendente. No entanto,
segundo Roberto Prel, não há câmeras na DRE e no corredor que
dá acesso à sala-forte, que fica no
quarto andar da sede do órgão.
Investigadores federais fizeram
cópias do dinheiro apreendido. O
material será enviado para órgãos
que rastreiam crimes financeiros
nacionais e internacionais, na expectativa de que alguma nota furtada entre em circulação e sua origem possa ser rastreada.
"Há notas de 500 euros, o que é
incomum para padrões brasileiros. É possível rastrear sua movimentação assim que elas entrem
em circulação no mercado", diz o
delegado Ronaldo Urbano, coordenador Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes.
Esse foi o terceiro caso de furto
de dinheiro apreendido em toda a
história da Polícia Federal.
O primeiro ocorreu no início
dos anos 90, quando ladrões levaram US$ 80 mil da PF em Manaus.
A outra ocorrência foi registrada
há um ano, com o furto de R$ 40
mil da PF de Belo Horizonte.
Próximo Texto: Furto foi descoberto ontem de manhã Índice
|