São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

Próximo Texto | Índice

CASA DE FERREIRO

O dinheiro, o equivalente a mais de R$ 2 milhões, estava na sala-forte, na sede do Rio; 59 policiais foram afastados

Dólares e euros somem da Polícia Federal

JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO

Duas portas e um armário arrombados e furto de mais de R$ 2 milhões em euros e dólares. A ação ousada aconteceu no final de semana dentro do prédio que abriga a própria Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. O dinheiro tinha sido apreendido durante a Operação Caravela, que desarticulou uma milionária quadrilha de traficantes internacionais. Estava guardado dentro da sala-forte.
Pelo menos 59 policiais, entre eles cinco delegados, foram afastados temporariamente e estão sendo interrogados sobre o furto, que ocorreu entre a primeira hora de domingo e a manhã de ontem, segundo as investigações.
Os policiais que respondem a sindicância interna são as duas equipes que estavam no plantão no final de semana -uma com dois delegados, dois escrivães e 18 agentes e outra com três delegados e três escrivães- e mais 31 agentes da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes). A DRE fez o registro das apreensões do dinheiro e de 1,6 tonelada de cocaína da quadrilha.
"Esse crime é a prova do poder de infiltração da quadrilha que desarticulamos. Agora vamos investigar para dentro esse fato lamentável em um momento importante para a Polícia Federal", disse o delegado Getúlio Bezerra, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.
O dinheiro estava dividido em 677.230, US$ 63.204 e R$ 21.905. As cédulas estavam na sala-forte da PF, que fica ao lado da DRE, onde os ladrões arrombaram duas portas e o armário dos escrivão-chefe do cartório. Lá, encontraram a chave da sala-forte.
Antes de pegar a chave, os ladrões mexeram no inquérito policial, para localizar onde estava o dinheiro dentro da sala-forte.
Os ladrões saíram, deram a volta pelo corredor e entraram na sala-forte, indo diretamente à prateleira onde estava o dinheiro, que foi apreendido quinta-feira na cobertura de luxo, na Barra da Tijuca, de um dos acusados de chefiar a quadrilha de tráfico.
"Eles não roubaram mais nada. Havia outros valores na sala-forte, mas não tocaram em nada", disse o superintendente em exercício da PF do Rio, Roberto Prel.
Peritos estão analisando as imagens de oito câmeras de vídeo, que ficam espalhadas pelos andares da superintendência do órgão no Rio -três estão colocadas em bonecos (semelhantes a manequins) de policiais federais e de um cão, no primeiro lance de escadas da sede da PF, na guarita externa e na sala do superintendente. No entanto, segundo Roberto Prel, não há câmeras na DRE e no corredor que dá acesso à sala-forte, que fica no quarto andar da sede do órgão.
Investigadores federais fizeram cópias do dinheiro apreendido. O material será enviado para órgãos que rastreiam crimes financeiros nacionais e internacionais, na expectativa de que alguma nota furtada entre em circulação e sua origem possa ser rastreada.
"Há notas de 500 euros, o que é incomum para padrões brasileiros. É possível rastrear sua movimentação assim que elas entrem em circulação no mercado", diz o delegado Ronaldo Urbano, coordenador Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes.
Esse foi o terceiro caso de furto de dinheiro apreendido em toda a história da Polícia Federal.
O primeiro ocorreu no início dos anos 90, quando ladrões levaram US$ 80 mil da PF em Manaus. A outra ocorrência foi registrada há um ano, com o furto de R$ 40 mil da PF de Belo Horizonte.


Próximo Texto: Furto foi descoberto ontem de manhã
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.