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Lei sobre resíduos é falha, diz especialista
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo levou
três anos e quatro meses para
regulamentar a lei que estabelece uma política para resíduos
sólidos, mas mesmo assim a legislação não pode ser aplicada
integralmente.
Um capítulo da lei, que trata
da responsabilidade dos fabricantes e distribuidores após o
consumo do produto, ainda
precisa ser detalhada. Falta a
relação dos produtos cuja destinação final os fabricantes e
distribuidores passam a ser
responsáveis.
"Essa lista deveria fazer parte
da lei. É absurdo esperar três
anos para regulamentar uma
lei e ainda assim a regulamentação vem com uma lacuna",
diz o economista Sabetai Calderoni, consultor ambiental
das Nações Unidas, de empresas e de municípios para políticas de reciclagem.
A regulamentação da lei prevê que a Secretaria do Meio
Ambiente publicará uma resolução com a lista de produtos
cujos fabricantes serão responsáveis pela "eliminação, recolhimento, tratamento e disposição final desses resíduos".
Lobbies
Resolução, de acordo com
Calderoni, é um tipo de legislação hierarquicamente mais fraca do que uma lei.
"Resolução tem um caráter
menos imperativo e não precisa de uma votação na Assembleia [Legislativa] para ser mudada. Essa lista ficará sujeita à
pressão dos lobbies ou do governante do dia", afirma.
Para ele, a solução mais óbvia
é estabelecer incentivos monetários para que os usuários reciclem. Um exemplo: "Pouca
gente recicla pilha porque ninguém paga nada por uma pilha
usada. Se o fabricante concedesse um desconto na compra
de uma pilha nova para quem
levar a pilha velha, a reciclagem
cresceria na hora".
Para as garrafas PET, vale a
mesma lógica. De acordo com o
consultor ambiental, os fabricantes deveriam estabelecer
um valor para o vasilhame que
tornasse atraente para o consumidor sua devolução.
"O Brasil está muito atrasado
nessa área. Dá para fazer uma
revolução com reciclagem, mas
o governo faz corpo mole ou
tem acordo com as empresas
que geram muito lixo", afirma.
Outro lado
O coordenador de planejamento da Secretaria Estadual
de Meio Ambiente, Casemiro
Tércio Carvalho, diz que a lei de
resíduos sólidos perdeu sua
força não na regulamentação,
mas na aprovação.
"Se for falar de lobbies, você
vai ver que foi na Assembleia
Legislativa que a lei ficou mais
fraca. Tentamos salvar o pouquinho que ela tinha de obrigatoriedade".
O coordenador afirma que é
melhor alocar numa lista separada da lei os produtos a serem
regulados porque o consumo
muda. "Novos produtos entram no mercado e não estariam na lei".
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