São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Classe média adere à moda da Zepa's e da 25

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a "feirinha da madrugada" atrai durante a noite ambulantes e pequenos comerciantes de diferentes cidades do país, a região das ruas 25 de março e José Paulino, no centro de São Paulo, é cada vez mais visitada ao longo do dia por consumidores da classe média.
Atrás de preços mais acessíveis, eles vasculham lojas e camelôs da região, que já ganhou apelidos carinhosos como Zepa's, Joseph Paul e Josepa. Os consumidores compram roupas que trazem etiquetas das grifes da moda, mas a maioria tem vergonha de confessar que a bolsa da Louis Vuitton que carrega não foi comprada em um dos shopping center da cidade e sim no camelô da 25.
A revisora Mônica Vieira da Costa, 34, comprou uma calça com etiqueta da Fórum em 1999 por R$ 15 no centro de São Paulo. Ela conta que até hoje usa a calça e que ninguém percebe que não é uma original e sim uma cópia barata. "Já dura três anos."
Para o sociólogo e cientista político Marcos Agostinho Silva, a procura por produtos de camelôs está ligada ao Plano Real, que impulsionou a venda parcelada de eletroeletrônicos e o acesso de classes mais baixas a esses produtos. "Esse consumidor não consegue suprir o equipamento com CDs e DVDs originais, e procura os camelôs." Outro fator seria o desejo de pertencer ao grupo de compradores de produtos caros.
A professora de inglês Laura Leone, 23, comprava roupas no shopping Pátio Higienópolis. Na última quinta-feira, foi às compras na rua José Paulino com sua amiga Bianca Pereira, 22, que costuma comprar bolsas, cintos e cosméticos. "São os mesmos produtos do shopping, onde eu gastava o triplo", disse Leone.
Num estande de roupas de ginástica, Leone diz ter encontrado uma calça "muito parecida" com a que comprara no dia anterior no shopping. Enquanto ela havia pago R$ 45 no shopping, a peça saía por R$ 18 na José Paulino.
Já Érika Sakashita, 21, estudante de administração de empresas, diz não gostar de comprar roupas na região, mas não dispensa os óculos dos camelôs. "Não vou pagar R$ 700 no shopping center se aqui pago só R$ 15."


Texto Anterior: Empresas se unem contra as falsificações
Próximo Texto: Danusa Leão: Procurando a dor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.