São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COTIDIANO

William Ali Chaim, presidente do segundo grupo de ônibus da cidade, afirma que assumiu cargo por indicação do secretário

"Fui indicado por Zarattini", diz petista

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O militante do PT William Ali Chaim afirmou à Folha, em entrevista, ter sido indicado para assumir a presidência do segundo maior grupo de ônibus da cidade de São Paulo pelo secretário dos Transportes, Carlos Zarattini.
A informação foi dada anteontem à noite, mais de três meses depois de ele passar a comandar as viações de Romero Niquini, cuja frota de 900 veículos transporta quase 10% dos 3,7 milhões de passageiros do sistema paulistano.
Na época, Chaim havia deixado a campanha a deputado federal de Ricardo Zarattini, pai do secretário dos Transportes, mas negava qualquer interferência de representantes da administração Marta Suplicy em sua ida ao grupo Niquini. Dizia apenas que tinha sido indicado por empresários de ônibus do ABC paulista devido a sua atuação profissional.
A transferência de Chaim era vista com estranheza por vereadores e empresários do setor não só por ele ser um petista histórico, que trabalhou ativamente em campanhas desde 1982, como pela proximidade das eleições e da licitação que a prefeitura vai fazer para selecionar novos operadores do transporte por até 25 anos.
Chaim, que já trabalhou com Rui Falcão, secretário de Governo de Marta, e José Dirceu, presidente nacional do PT, diz não ter visto outros interesses na indicação além da "preocupação operacional" com as viações de Niquini.
"As empresas vinham ruim das pernas. O quadro gerencial estava desgastado e eu poderia reverter essa situação", disse Chaim, cujas relações com Zarattini ficaram estremecidas após a prefeitura romper os contratos de Niquini, há mais de 40 dias, sob a acusação de irregularidades na prestação de contas da arrecadação.
O empresário Niquini também atua no ramo de limpeza urbana e conseguiu, em seis meses, quase R$ 70 milhões em contratos em duas capitais administradas pelo PT -São Paulo e Belém.
Na última semana, com base em uma reintegração de posse dada pela Justiça, ele começou a retomar seus ônibus que foram encampados pela prefeitura após a rescisão contratual: 25 deles foram recolhidos anteontem e 34 ontem de madrugada, totalizando 59, todos de fabricação 2002.
Esse lote de 34 estava em uma garagem da prefeitura, no Jabaquara. Segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), eles estavam lá, e não nas viações a que pertencem, por causa da disponibilidade de vagas. "Eles tentaram esconder os ônibus", afirmou José Maria Dias Júnior, do escritório de advocacia Souza Filho, que defende Niquini e que pretende entrar com uma representação no Ministério Público dizendo que houve resistência à decisão judicial.


Texto Anterior: Acidente: Caminhão pega fogo e fecha Bandeirantes
Próximo Texto: Em cima da hora: Radares móveis de SP passam a ter fiscais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.