São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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ACIDENTE NA VILA OLÍMPIA

Também acusado de assalto, rapaz havia sido libertado 48 horas antes de decisão da Justiça

Atropelador foge após nova ordem de prisão

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro preso em flagrante, solto no dia seguinte e agora foragido da Justiça. Tudo isso em quatro dias. Jefferson Jorge Bernardo, 23, que atropelou 17 pessoas na madrugada do último sábado, na porta de uma casa noturna na Vila Olímpia (zona oeste), voltou a ser perseguido ontem pela polícia.
Ele teve uma nova prisão decretada pela Justiça, agora pela suspeita de participação em um roubo de carro, em agosto passado. Fugiu antes da chegada dos policiais. Era considerado foragido até o final deste edição. Para a defesa de Bernardo, ele está sendo "crucificado" e não há provas de sua participação no roubo.
Bernardo atropelou e matou a estudante Priscila Maria dos Reis, 16. Fugiu sem prestar socorro. Foi preso ainda no sábado e indiciado por homicídio doloso (com intenção), mas uma decisão da juíza Kenarik Boujikian Felippe, que estava no plantão judiciário, o libertou no domingo. Ele tinha residência fixa e emprego e não possuía antecedentes criminais.
No dia seguinte, a situação de Bernardo começou a mudar. Segundo o delegado Dejair Rodrigues, do 96º DP (Brooklin), dois irmãos identificaram Bernardo, por fotos de jornais, como um dos três assaltantes que levaram o carro da família, no dia 25 de agosto, em Moema (zona sul).
Segundo o que os irmãos contaram à polícia, Bernardo estava armado. Eles também disseram que os assaltantes saíram de um Voyage, que seria o mesmo dirigido por Bernardo no atropelamento.
Às 23h50 de anteontem, o Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), órgão da Justiça, decretou a prisão temporária de Bernardo, por cinco dias, por roubo. Ontem, ele não foi mais encontrado.
"Inconcebível foi a primeira liberdade provisória. Era melhor ter esperado mais antes de soltá-lo", afirmou o promotor Marcelo Milani. O fato de agora Bernardo ser um foragido deve pesar, segundo Milani, no pedido de reconsideração da decisão da juíza Kenarik Boujikian Felippe-o que resultaria em dois mandados de prisão contra Bernardo.
O recurso da Promotoria será avaliado pelo 1º Tribunal do Júri antes de ser encaminhado ao TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo. A assessoria do TJ informou que a juíza não iria falar sobre o caso. Segundo a assessoria, juízes são proibidos de comentar suas decisões fora dos processos.
Mais uma vítima do atropelamento foi ouvida pela polícia, subindo para 17 o número de pessoas atingidas. Uma perícia no Voyage 1988 de Bernardo também vai tentar descobrir se os freios apresentavam problemas. "O carro era turbinado, preparado para correr. E o sistema de freios não era adequado para essa potência", afirma o delegado.
Um segurança da casa noturna ouvido pela polícia, segundo Rodrigues, disse que Bernardo, depois do atropelamento, errou a marcha ao tentar fugir -em vez da ré, teria engatado a primeira marcha- , prensando ainda algumas vítimas contra o muro.


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