São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Ressarcimento da saúde será alterado

Ministro anuncia mudar a lei de compensação para quando cliente de plano privado usar a rede pública

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governo federal vai alterar o ressarcimento ao SUS (Sistema Único de Saúde) pelos planos de saúde quando os clientes usam a rede pública. O anúncio foi feito ontem, em Porto Alegre, pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para quem o valor repassado pelos planos ao governo nos últimos seis anos -cerca de R$ 200 milhões- é irrisório.
"Na prática, o ressarcimento não está sendo realizado porque os planos de saúde entram com ações de inconstitucionalidade e também porque o processo atual é muito burocrático. Então, vamos ter que mexer na lei", disse Temporão.
O ministro afirmou que ainda não há cálculo do quanto deve ser reembolsado pelos planos de saúde, mas afirmou que o valor é muito superior aos R$ 200 milhões dos últimos anos.
O ressarcimento está previsto na lei nš 9656/98. A norma estabelece que os planos de saúde cujos beneficiários tenham sido atendidos em hospitais públicos ou contratados pelo SUS devam reembolsar as despesas aos cofres públicos.
A identificação é feita ao cruzar dados do SUS com o cadastro de beneficiários de planos de saúde da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O valor pago pelos planos é devolvido ao Fundo Nacional de Saúde e aos hospitais do SUS.
Para Temporão, o poder público gasta muito para atender quem tem plano privado, o que poderia ser usados por pacientes do sistema público. O projeto será apresentado no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Saúde, a ser anunciado em novembro.
O coordenador do Movimento pela Vida -ONG que defende assistência médica a doentes crônicos no Brasil-, Sérgio Sampaio, criticou ontem o ministro, que angariou apoio de governadores ao projeto de lei do senador Tião Viana (PT-AC) para restringir o financiamento de medicamentos para pacientes crônicos pelo SUS.
Anteontem, Temporão disse que o Judiciário "está tomando o lugar do médico", em uma crítica ao alto número de ordens judiciais para fornecimento via SUS de remédios caros a pacientes crônicos. "Vai ser o verdadeiro extermínio de doentes crônicos" disse Sampaio.


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