São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Protesto de alunos suspende aulas na Unifesp pelo 2º dia

Estudantes impediram, com barricadas, acesso ao campus de Guarulhos (Grande São Paulo), que tem 400 alunos

Invasão é contra a adesão da universidade a programa do governo que condiciona o aumento das verbas à expansão das vagas

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de ao menos 20 alunos manteve ontem, pelo segundo dia consecutivo, a invasão ao campus de Guarulhos (Grande São Paulo) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Os invasores impediram, com barricadas feitas com carteiras, o acesso ao campus. Não houve aulas para os 400 estudantes da unidade.
A principal reivindicação dos manifestantes é a não-adesão da universidade ao Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), proposto pelo governo federal.
Segundo a assessoria de imprensa da instituição, a invasão contava com 20 alunos; para os manifestantes, o número varia entre 50 e 60. Também houve invasões nas universidades federais do Paraná e do Rio de Janeiro, pelo mesmo motivo.
No plano, o Ministério da Educação propõe aumentar em 20% o orçamento das instituições que aderirem ao programa, desde que atendam a algumas exigências, como atingir a meta de 18 alunos por professor (hoje é de 10), aumentar as vagas em cursos noturnos e fazer com que a taxa de conclusão na graduação chegue a 90% (ou seja, 90% dos ingressantes têm de se formar).
A intenção do governo federal é dobrar o número de estudantes nas universidades federais em dez anos.
O grupo que invadiu o campus divulgou nota afirmando que "o Reuni representa um profundo ataque ao ensino público. Condiciona o aumento insignificante de 20% na verba se [as universidades] atingirem altas metas de expansão".
Os estudantes reclamam também das condições do campus, que começou a funcionar neste ano. Pedem a construção de um restaurante e ampliação da biblioteca.
O pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello, rebateu as críticas. "Atacar o Reuni é querer frear a expansão do ensino superior público", disse. "Por mim, todo o serviço público deveria ser avaliado por metas, aliadas à qualidade."
Ele admite as dificuldades na unidade, mas afirmou que ela possui condições para aulas e que será melhorada.
A adesão da Unifesp ao Reuni foi feita na última quarta, em reunião do Conselho Universitário, na sede da instituição, na zona sul de São Paulo.
Os manifestantes dizem que foram agredidos ao tentar entrar na sessão. A universidade afirma que os barrou porque só os membros do conselho podem entrar na sessão -ressaltou, porém, que os alunos são representados. A Unifesp disse ainda que os manifestantes iniciaram a agressão.
Em assembléia ontem à noite, os estudantes decidiram manter a ocupação do campus de Guarulhos. Foi marcada nova assembléia para terça.
Segundo a assessoria de imprensa da Unifesp, não havia registro de danos materiais.
O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, afirmou ontem que não vai tomar nenhuma medida para expulsar os alunos, que, anteontem, decidiram ocupar o salão que dá acesso à reitoria e ao conselho universitário.
Teixeira, no entanto, criticou a ocupação, afirmando que "houve uma tentativa de intimidar e coagir o conselho".

Novos cursos
O plano de adesão ao Reuni da Unifesp prevê a criação de 13 cursos, a serem incluídos até 2010. A proposta da universidade prevê um aumento de 1.203 vagas (vestibular 2008) para 2.358 (vestibular 2010).


Colaborou a Folha Online


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