São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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Ministro defende volta de sinalização do aparelho

DA REPORTAGEM LOCAL

Ministro das Cidades há quatro meses, por indicação do ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP), Márcio Fortes ataca os conceitos sobre os radares eletrônicos de controle da velocidade que vigoraram até hoje na política de trânsito do governo Lula.
Ele não quis comentar sobre a expansão de aparelhos de GPS para burlar a fiscalização, mas defende, em entrevista à Folha, que os motoristas sejam avisados de forma ostensiva da existência dos radares no ponto onde eles estão.
A obrigatoriedade desse tipo de placa foi retirada pela gestão petista em 2003. Desde então, os órgãos de trânsito só precisam sinalizar a velocidade regulamentada -e não que determinada via está sendo fiscalizada. Fortes diz que vai rever de novo essa regra.
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), ligado ao Ministério das Cidades, tomou a decisão anterior por avaliar que é responsabilidade do motorista obedecer a velocidade regulamentada em todos os lugares, independentemente da fiscalização.
O discurso do novo ministro desagrada a muitos especialistas em trânsito. O diretor de operações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Adauto Martinez, diz que vai manter as placas, mas não como obrigação.
"Para que serve a placa? Para que nos lugares onde ela não existe a velocidade não seja obedecida?", questiona Cristina Baddini, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Leia trechos da entrevista:
(ALENCAR IZIDORO)
 

Folha - O sr. é a favor da obrigatoriedade de avisar com placa todos os pontos de radar?
Márcio Fortes
- Minha opinião não é nem que seja avisado que tal via é fiscalizada por radar. Deveria estar apontado no local do equipamento: está aqui um radar para salvar sua vida, e não para multar. De que adianta esconder para ele passar, capotar na curva seguinte e morrer?

Folha - Mas, ao colocar os avisos, não há um risco de os motoristas acelerarem onde não existem radares e reduzirem a velocidade somente nos pontos de fiscalização?
Fortes
- O radar deve estar ali para avisá-lo da existência de um risco na pista. Se depois ele acelerar e não houver outro radar é porque não existe outro risco. Cabe à autoridade colocar outro radar mais adiante para segurá-lo, tanto quantos forem necessários.

Folha - Alguns especialistas avaliam que avisar a localização dos radares é como dizer ao bandido que a polícia está na frente.
Fortes
- Se estão preocupadas com a vida, vão colocar tantos avisos quanto maiores. Se estão pensando em radar para poder faturar, não vou nem comentar.

Folha - A idéia do sr. é estudar mudanças na lei?
Fortes
- Quero conversar na presidência do Denatran, assim que a casa lá estiver em ordem, sobre como conduzir essa matéria. É uma bobagem colocar aviso porque deixa de ter um grande instrumento de arrecadar, é isso?

Folha - Não é isso. O que eles colocam é que não há por que avisar todo mundo onde está cada radar.
Fortes
- Então eles são contra policiamento ostensivo na rua? A fiscalização eletrônica para mim é a imagem do policiamento ostensivo. Essa história de pegar para multar, para pontuar, é a mensagem errada que está na cabeça de todo mundo.


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