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Ministro defende volta de sinalização do aparelho
DA REPORTAGEM LOCAL
Ministro das Cidades há quatro
meses, por indicação do ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP), Márcio Fortes ataca os
conceitos sobre os radares eletrônicos de controle da velocidade
que vigoraram até hoje na política
de trânsito do governo Lula.
Ele não quis comentar sobre a
expansão de aparelhos de GPS para burlar a fiscalização, mas defende, em entrevista à Folha, que
os motoristas sejam avisados de
forma ostensiva da existência dos
radares no ponto onde eles estão.
A obrigatoriedade desse tipo de
placa foi retirada pela gestão petista em 2003. Desde então, os órgãos de trânsito só precisam sinalizar a velocidade regulamentada
-e não que determinada via está
sendo fiscalizada. Fortes diz que
vai rever de novo essa regra.
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), ligado ao Ministério das Cidades, tomou a decisão anterior por avaliar que é
responsabilidade do motorista
obedecer a velocidade regulamentada em todos os lugares, independentemente da fiscalização.
O discurso do novo ministro
desagrada a muitos especialistas
em trânsito. O diretor de operações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Adauto
Martinez, diz que vai manter as
placas, mas não como obrigação.
"Para que serve a placa? Para
que nos lugares onde ela não existe a velocidade não seja obedecida?", questiona Cristina Baddini,
da ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos).
Leia trechos da entrevista:
(ALENCAR IZIDORO)
Folha - O sr. é a favor da obrigatoriedade de avisar com placa todos
os pontos de radar?
Márcio Fortes - Minha opinião
não é nem que seja avisado que tal
via é fiscalizada por radar. Deveria estar apontado no local do
equipamento: está aqui um radar
para salvar sua vida, e não para
multar. De que adianta esconder
para ele passar, capotar na curva
seguinte e morrer?
Folha - Mas, ao colocar os avisos,
não há um risco de os motoristas
acelerarem onde não existem radares e reduzirem a velocidade somente nos pontos de fiscalização?
Fortes - O radar deve estar ali
para avisá-lo da existência de um
risco na pista. Se depois ele acelerar e não houver outro radar é
porque não existe outro risco. Cabe à autoridade colocar outro radar mais adiante para segurá-lo,
tanto quantos forem necessários.
Folha - Alguns especialistas avaliam que avisar a localização dos
radares é como dizer ao bandido
que a polícia está na frente.
Fortes - Se estão preocupadas
com a vida, vão colocar tantos
avisos quanto maiores. Se estão
pensando em radar para poder faturar, não vou nem comentar.
Folha - A idéia do sr. é estudar
mudanças na lei?
Fortes - Quero conversar na presidência do Denatran, assim que a
casa lá estiver em ordem, sobre
como conduzir essa matéria. É
uma bobagem colocar aviso porque deixa de ter um grande instrumento de arrecadar, é isso?
Folha - Não é isso. O que eles colocam é que não há por que avisar todo mundo onde está cada radar.
Fortes - Então eles são contra
policiamento ostensivo na rua? A
fiscalização eletrônica para mim é
a imagem do policiamento ostensivo. Essa história de pegar para
multar, para pontuar, é a mensagem errada que está na cabeça de
todo mundo.
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