São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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SAÚDE/ALIMENTAÇÃO

Condições de armazenagem e modo de preparo devem ser observados, dizem médicos

Boa aparência não garante a qualidade dos alimentos

FERNANDA BASSETTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A boa aparência de um alimento nem sempre significa que ele esteja bom para consumir. Especialmente nos períodos mais quentes, a comida corre o risco de estar contaminada por bactérias ou outros agentes e causar problemas.
"Prestar atenção apenas na aparência do alimento não é seguro para garantir a qualidade. A pessoa precisa saber as condições de armazenamento e se foi preparado recentemente", alerta Ronan José Vieira, médico do Centro de Controle de Intoxicações da Universidade Estadual de Campinas.
As infecções e intoxicações alimentares são doenças comuns e geralmente fáceis de tratar. Uma vez presentes no organismo da pessoa, essas bactérias ou toxinas causam dores abdominais, diarréia e vômito porque irritam a mucosa do intestino.
Segundo Eduardo Hage, coordenador de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, entre 1999 e 2005, período de existência de um sistema de vigilância para doenças transmitidas por alimentos, foram registrados 4.092 surtos com 78.172 pessoas atingidas. Destas, 47 morreram.
Os alimentos crus e os que utilizam ovos em sua composição, principalmente maionese, foram os principais causadores de problemas. As doenças mais comuns são as causadas pela bactéria salmonella e causam diarréia, vômito e febre.
"Quando estão intoxicadas, as pessoas têm um distúrbio gastrointestinal que é tratado com hidratação intensa. Em alguns casos um pouco mais graves, o paciente precisa ser medicado com antibióticos", diz Stephan Geocze, gastroenterologista da Universidade Federal de São Paulo.
Segundo Vieira, há dois tipos diferentes de contaminação por alimentos: a infecção alimentar e a intoxicação alimentar.
Nos casos de infecção, os sintomas podem demorar alguns dias porque as bactérias presentes no alimento precisam de tempo para se desenvolver. Já nos casos de intoxicação, provocada por toxinas presentes no ar, na água e nas mãos, as manifestações clínicas aparecem rapidamente e geralmente atingem várias pessoas.
Uma dica de Hage é observar se os alimentos colocados em locais abertos estão protegidos por telas, ou se são mantidos aquecidos e refrigerados, o que afasta vetores de doenças, como moscas. Manipuladores dos alimentos devem usar máscara e luvas. E todos os restaurantes são obrigados a permitir a visita à cozinha.
O cliente também pode solicitar o certificado da visita da vigilância sanitária, que deve ser renovado todos os anos preferencialmente, diz o coordenador.


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