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Avanço de minoria é maior nas particulares
Desde 2001, parcela de negros e pardos na rede privada subiu 223%; na universidade pública, aumento foi de 140%
Especialistas vêem efeito do ProUni na mudança de composição racial dos alunos na faculdade paga, mas divergem sobre alcance
DA SUCURSAL DO RIO
O percentual de negros e pardos no ensino superior cresceu
mais na rede privada do que na
pública, mas esta última ainda
apresenta uma composição racial mais próxima da encontrada na população brasileira.
Desde 2001, primeiro ano em
que a Pnad permite separar os
dados por rede pública ou privada, o percentual de aumento
de negros e pardos nas particulares foi de 223%. Nas públicas,
essa variação foi de 140%.
Os brancos, em ambos os tipos de instituição, também não
deixaram de crescer em números absolutos (130% nas particulares e 111% na pública), mas
sua participação no total cai
porque esse crescimento foi inferior ao dos demais.
Por causa desse aumento, a
proporção de negros e pardos
nas públicas chega a 36,6%.
Analisando apenas os negros,
ela fica em 5,3% (próxima dos
6,3% verificados no total da população). Na particular, negros
e pardos representam 27,2%,
sendo que os negros, sozinhos,
respondem por 4,3% do total.
Em todo o sistema, negros são
5%, enquanto pardos são 25%.
No caso da rede privada, especialistas consultados pela
Folha dizem que pode ter havido um efeito do ProUni no salto
da presença de negros e pardos.
O peso que o programa teve, no
entanto, não é consensual.
O ProUni foi criado em 2004,
mas somente em 2005 os primeiros alunos ingressaram no
ensino superior por meio do
programa. Naquele ano, foram
112 mil alunos beneficiados.
Como o aumento de negros e
pardos no sistema privado de
2001 para 2005 foi da ordem de
550 mil alunos, o programa,
ainda que tenha influenciado,
não foi a principal causa.
Inclusão
O secretário de Educação
Continuada, Alfabetização e
Diversidade do MEC, Ricardo
Henriques, defende que o programa teve peso importante
nos últimos anos.
Ele argumenta que o principal salto na proporção de negros no setor privado aconteceu em 2004. "É animador ver
o ProUni conseguindo ratificar
seu conteúdo de inclusão", diz.
Bárbara Bello, 22, conta que
conseguiu entrar num curso
concorrido. Ela diz que nem todos, fora da universidade, acreditam que ela faz arquitetura
numa das instituições mais caras do Rio de Janeiro.
Para Simon Schwartzman,
no entanto, ainda não está claro
se o ProUni teve peso significativo na expansão recente do
número de negros e pardos nas
particulares. Marcelo Paixão,
da UFRJ, diz acreditar que a
tendência é que o programa
ajude a aumentar a inclusão
nos próximos anos, já que ele
está sendo expandido.
Isso ajudaria estudantes como Juan Ricardo da Silva, 20.
Ele conta que cursa engenharia
graças a uma bolsa integral de
uma universidade carioca. Para
chegar ao campus, ele pega três
ônibus, pois mora em Realengo, bairro da zona oeste do Rio
de Janeiro, bastante afastado
do campus, que fica na zona sul.
Já Luiza Brasil, 18, está no
primeiro ano de jornalismo e,
diferentemente da maioria dos
outros estudantes entrevistados pela Folha, não precisou de
bolsa. Por ter estudado numa
escola particular de elite na cidade de Niterói, ela diz já estar
acostumada a ser praticamente
a única negra da sala.
Indígenas e amarelos
Por representarem proporções da população abaixo de
1%, indígenas e autodeclarados
amarelos na definição do IBGE
não surgem nas tabulações feitas pela Folha por causa da dificuldade de estimar, com um
mínimo de precisão estatística,
o comportamento desses grupos no ensino superior.
A margem de erro da Pnad
para esses grupos costuma ser
muito alta. A pesquisa indica
que há 6.000 indígenas na educação superior e 50 mil amarelos. Mas os coeficientes de variação são muito elevados. No
caso dos índigenas, ele é de
34% -o dado pode ser 34%
maior ou menor do que o estimado, margem pouco segura
para fazer análise consistente.
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