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Universitária e modelo, Bruna, 20, diz se sentir "minoria absoluta"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Bruna Pereira, 20, diz se
sentir minoria absoluta em
sua faculdade. Aluna do segundo ano do curso de sistemas da informação do Imes
(Universidade Municipal de
São Caetano do Sul), ela diz
que os negros ainda são exceção no ensino superior.
Desde que se tornou modelo,
há dois anos, ela decidiu não
abrir mão da faculdade.
"Nunca se sabe como a carreira vai ser", avalia.
Em sua sala, apenas ela e
um colega são negros. "Isso é
reflexo da condição dos negros no país. A maioria está
na periferia, e quem é de
uma classe social mais baixa,
seja branco ou negro, não
pode pagar uma faculdade
particular", raciocina.
Júlio César Pereira, 24, diz
que, entre os seus cem colegas de turma no curso de direito da USP há só cinco negros. "A desvantagem social
no Brasil está diretamente
relacionada à etnia. Como o
negro, pobre, sem preparação, vai passar por um exame
estritamente técnico como o
vestibular?", questiona.
Preconceito
Na PUC do Rio, a Folha
conversou com alunos de diferentes cursos. Nenhum reclamou ter sofrido preconceito declarado no campus,
ainda que alguns tenham dito que ele às vezes se manifesta de forma sutil.
André Sales, 36, aluno de
história, afirma sentir que
há diferença entre alguns
grupos de alunos, mas conta
que nunca foi discriminado.
"Alguns cursos são bastante
elitizados", diz. Já Uendel
dos Santos, 25, um dos poucos negros em curso considerado elitizado, o de economia, conta que nunca teve
problemas na faculdade.
Para Isis Montes, 17, estudante de letras,o acesso ao
ensino superior não foi novidade na família. A mãe é médica, e duas tias se formaram. Já no caso Adailton
Moreira, 43, o caminho foi
bem mais difícil. Trabalhando desde os dez anos, somente há dois anos ele entrou em ciências sociais.
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