São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Universidades atraem estudante negro oferecendo bolsas e cotas

DA SUCURSAL DO RIO

A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a PUC-RJ adotaram caminhos diferentes para aumentar a participação de negros em seus campi. No caso da Uerj, uma lei estadual instituiu sistema de cotas em 2001. As primeiras turmas a entrarem por esse critério se formam neste ano.
Na PUC, a estratégia foi aumentar o número de bolsas oferecidas a oriundos de cursos pré-vestibulares para alunos carentes. Ambas colhem hoje, cada uma a seu modo, o resultado dessas medidas.
Raquel Villardi, pró-reitora de graduação da Uerj, diz que os alunos que estão se formando agora e entraram por cotas estão no mesmo nível dos demais. Ela afirma que a universidades sempre recebeu os alunos negros, mas, depois das cotas, eles passaram a ser representativos também em cursos de alto prestígio.
"Temos satisfação de ver que soubemos fazer um bom trabalho com todos os alunos. Outro dia, li uma declaração de um dirigente de universidade em São Paulo dizendo que seu objetivo era atrair os talentos para a instituição. Nós pensamos de forma diferente. Trabalhar só com os talentos é fácil. O que queremos é receber os excluídos e formá-los com qualidade."
O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo Henriques, concorda com a colega e defende a inclusão.
"Podemos concluir que as universidades públicas têm um potencial grande para promover a inclusão numa velocidade alta. Em pouco tempo, as estratégias adotadas nesse sentido podem já fazer diferença", diz.

Sem preconceito
O último estudo da Uerj sobre o desempenho dos cotistas foi divulgado há dois anos. Ele mostrava que, na maioria dos cursos, as diferenças no desempenho não eram significativas.
Villardi diz que ainda não há novos estudos para dizer se essa situação permaneceu assim até a formatura. A pró-reitora afirma, no entanto, que as análises preliminares mostravam que a diferença inicial entre os cotistas e não-cotistas foi desaparecendo ao longo do curso.
No caso da PUC, a mudança no perfil racial de seus estudantes foi mais sutil, mas ela também é visível. Na sexta-feira passada, a Folha conversou com dez estudantes de diferentes cursos que estavam no campus da instituição.
Nenhum reclamou ter sofrido preconceito declarado na universidade, ainda que alguns tenham dito que ele às vezes se manifesta de forma sutil.


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