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Universidades atraem estudante negro oferecendo bolsas e cotas
DA SUCURSAL DO RIO
A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a
PUC-RJ adotaram caminhos
diferentes para aumentar a
participação de negros em seus
campi. No caso da Uerj, uma lei
estadual instituiu sistema de
cotas em 2001. As primeiras
turmas a entrarem por esse critério se formam neste ano.
Na PUC, a estratégia foi aumentar o número de bolsas oferecidas a oriundos de cursos
pré-vestibulares para alunos
carentes. Ambas colhem hoje,
cada uma a seu modo, o resultado dessas medidas.
Raquel Villardi, pró-reitora
de graduação da Uerj, diz que
os alunos que estão se formando agora e entraram por cotas
estão no mesmo nível dos demais. Ela afirma que a universidades sempre recebeu os alunos negros, mas, depois das cotas, eles passaram a ser representativos também em cursos
de alto prestígio.
"Temos satisfação de ver que
soubemos fazer um bom trabalho com todos os alunos. Outro
dia, li uma declaração de um dirigente de universidade em São
Paulo dizendo que seu objetivo
era atrair os talentos para a instituição. Nós pensamos de forma diferente. Trabalhar só com
os talentos é fácil. O que queremos é receber os excluídos e
formá-los com qualidade."
O secretário de Educação
Continuada, Alfabetização e
Diversidade do MEC, Ricardo
Henriques, concorda com a colega e defende a inclusão.
"Podemos concluir que as
universidades públicas têm um
potencial grande para promover a inclusão numa velocidade
alta. Em pouco tempo, as estratégias adotadas nesse sentido
podem já fazer diferença", diz.
Sem preconceito
O último estudo da Uerj sobre o desempenho dos cotistas
foi divulgado há dois anos. Ele
mostrava que, na maioria dos
cursos, as diferenças no desempenho não eram significativas.
Villardi diz que ainda não há
novos estudos para dizer se essa situação permaneceu assim
até a formatura. A pró-reitora
afirma, no entanto, que as análises preliminares mostravam
que a diferença inicial entre os
cotistas e não-cotistas foi desaparecendo ao longo do curso.
No caso da PUC, a mudança
no perfil racial de seus estudantes foi mais sutil, mas ela também é visível. Na sexta-feira
passada, a Folha conversou
com dez estudantes de diferentes cursos que estavam no campus da instituição.
Nenhum reclamou ter sofrido preconceito declarado na
universidade, ainda que alguns
tenham dito que ele às vezes se
manifesta de forma sutil.
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