São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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Jovem morre após ex-noivo mantê-la refém pela 2º vez

Rapaz de 23 anos, que se suicidou, ficou preso três meses após o primeiro seqüestro da garota, em junho deste ano

Ele invadiu farmácia onde ela trabalhava, em Praia Grande, e a manteve presa por 11 horas; segundo testemunha, seqüestrador estava bêbado

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

Inconformado com o fim de um relacionamento de cinco anos, um jovem de 23 anos invadiu a farmácia onde a ex-noiva trabalhava e a manteve refém por mais de 11 horas ontem, em Praia Grande (77 km de SP). Atirou na própria cabeça e na dela e ambos morreram.
Gilmar Leandro da Silva Filho já havia seqüestrado Evellyn Ferreira Amorim, 18, em 13 de junho, após invadir a casa da ex-noiva e mantê-la, com a tia, sob a mira de um revólver por cinco horas. Não houve feridos na ocasião.
Gilmar ficou preso menos de três meses. Ganhou liberdade provisória em agosto, mas ainda respondia por cárcere privado e porte ilegal de arma.
Ontem, ele chegou à Nova Farma, à 0h. Rendeu o balconista Almir Guimarães, 42, e algemou Evellyn, caixa do local, a seu braço. À 0h20, deu um tiro na parede após discutir com ela. Ele insistia, diz o balconista, que ela estava com um outro rapaz, de São Paulo. E que havia descoberto isso no Orkut.
A polícia chegou às 2h. Como no primeiro seqüestro, um PM primo de Gilmar assumiu as negociações. As conversas foram mantidas por meio de aparelhos de rádio. No início, Gilmar só pediu uma caixa de cerveja, o que foi negado. Segundo Guimarães, ele já havia bebido.
Às 3h, ele chegou a retirar as algemas, mas Evellyn tentou fugir e ele voltou a prendê-la. Às 5h, libertou o balconista.
Por volta de 10h, o local estava cercado. Jornalistas, curiosos e cerca de 40 policiais estavam em volta da drogaria, em uma avenida movimentada da cidade. Às 11h55, quando ele disse que iria sair e entregar a arma, foram ouvidos dois tiros.
O local foi invadido. A polícia diz ter encontrado os dois deitados no chão, algemados, cada um com um tiro na cabeça.
"Não havia contato visual. Por isso, não creio ter havido erro [na ação policial]", afirmou o tenente-coronel da PM José Américo Peixoto.
Gilmar e Evellyn foram levados ao hospital. Chegaram em coma profundo. Ela morreu às 14h20 e Gilmar, às 17h40.
"No início, ele foi para fazer valer a promessa dela de retomar o noivado, feita na primeira vez que a fez refém. Em momento algum, porém, ele propôs que eles voltassem a morar juntos. Isso reafirma a idéia de se vingar apenas", disse o delegado Luiz Evandro Medeiros.
Segundo o balconista, Evellyn chegou a fazer visitas íntimas a Gilmar na prisão. "De alguma forma ela alimentou a esperança de um retorno."
Evelin Dias, 23, tia de Evellyn, afirmou que os dois haviam trocado alianças e que tinham terminado porque ela não gostava mais dele.
O padrasto de Gilmar, o pedreiro Edson Marques, 40, disse que, antes da prisão, ele trabalhava como motoboy e vigia.


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