São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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memória

Agência culpou Cesp, e não raio, por apagão em 99

DA REPORTAGEM LOCAL

Relatório de fiscalização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre o blecaute de 11 de março 1999 havia responsabilizado a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) pelo desligamento do sistema em diversos Estados do país.
A demora na solução de um curto-circuito numa barra de proteção de uma subestação de Bauru, pertencente à Cesp, segundo a agência, acarretou o blecaute.
Assim como no apagão da semana passada, que deixou 18 Estados e ao menos 60 milhões de brasileiros sem luz, um curto-circuito decorrente de um raio também havia sido apontado como a causa da falta de luz há dez anos.
Depois, a investigação esclareceu que o suposto raio que teria causado o curto havia caído numa linha de transmissão, e não na subestação, como o governo federal havia dito inicialmente.

Falha
Segundo a Aneel, o raio caiu a 50 km da subestação e não podia ser apontado como a causa direta do apagão. O relatório diz também que a Cesp falhou ao tentar, inicialmente, religar o sistema sozinha, sem pedir ajuda ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
Segundo a Aneel, o apagão de março de 1999 foi causado por uma associação de problemas em equipamentos da subestação de Bauru, como pára-raios e relés, em conjunto com a forma de operação da unidade e a demora na eliminação do curto-circuito provocado pelo raio.
No relatório de 1999, a Aneel dizia que a demora na eliminação do curto-circuito "foi devida à ausência de proteção específica para esse tipo de defeito, além da não atuação adequada das proteções existentes, caracterizando, portanto, a responsabilidade da Cesp pelo desligamento do sistema".

Novo blecaute
À época, a agência nacional havia dito nesse relatório que um novo apagão poderia ocorrer em todo o país "se nenhuma modificação fosse feita na operação".
Ainda segundo a Aneel, a Cesp deveria ter pedido ao ONS "a recomposição coordenada do sistema" depois daquele apagão, que durou até quatro horas e 15 minutos em certas regiões do país.
Antes do relatório da Aneel que culpava a Cesp pelo apagão de 1999, o ONS havia respaldado a primeira versão sobre o blecaute -a do raio, divulgada pelo então ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, no dia seguinte ao acidente, a mesma explicação dada pelo atual ministro, Edison Lobão, na falta de luz deste mês.


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