São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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País tem deficit de 98 obras em setor de energia

Intervenções são necessárias para pleno funcionamento do sistema de transmissão

Obras têm custo estimado de R$ 1,8 bilhão e deveriam estar prontas, segundo órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Brasil possui um deficit de 98 intervenções "necessárias" para o pleno funcionamento do sistema de transmissão de energia elétrica, segundo levantamento feito pela Folha em dados de órgão federal responsável por estudos que balizam o planejamento do setor.
As obras têm custo estimado de R$ 1,8 bilhão e deveriam estar prontas, segundo avaliação do fim do ano passado da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
A maior parte das intervenções têm o objetivo de evitar sobrecargas e colapsos, com construção, ampliação ou reforço de subestações e linhas de transmissão. Mas não há como afirmar que elas beneficiariam a estrutura de transmissão na qual teve origem o apagão da semana passada.
As recomendações da EPE foram divulgadas em janeiro deste ano, em relatório elaborado por meio de "grupos de estudos de transmissão regionais", junto com empresas do setor. No texto, o órgão indicou ao governo 187 obras.
Para cada uma das obras, o documento define uma "data de necessidade". Segundo o relatório da EPE, essas datas obedecem ao "ponto de vista do desempenho do sistema de transmissão, não necessariamente o prazo para viabilidade física de sua implantação".
Do total, 98 deveriam estar concluídas até o próximo mês. Algumas delas, em 2006, 2007 e 2008. No que diz respeito à construção de novas subestações, apenas uma começou a sair do papel -uma subestação em Itatiba (SP), com custo estimado de R$ 114,5 milhões.
As recomendações da EPE não entram automaticamente no planejamento do governo porque o ministério também leva em conta as demandas apresentadas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O relatório do ONS não traz uma especificação de datas "necessárias".
Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirma que as datas citadas pela EPE são apenas "indicativos de prioridade" e que cabe ao ONS, "no curto prazo, a responsabilidade maior de designar as instalações que causarão dificuldades operativas caso não entrem em operação nas datas indicadas".
Das 98 obras urgentes apontadas no relatório da EPE, 26 não entraram no atual plano de obras do ministério, que será atualizado no próximo mês.
Segundo um técnico do ministério, as necessidades levantadas pela EPE às vezes são questionadas nas reuniões de consolidação do plano de obras do governo por representantes do ONS, que, segundo ele, fazem um ajuste mais fino.
A reportagem tentou falar, desde a semana passada, com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. Até o fechamento desta edição, ele não havia ligado de volta.


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