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País tem deficit de 98 obras em setor de energia
Intervenções são necessárias para pleno funcionamento do sistema de transmissão
Obras têm custo estimado de R$ 1,8 bilhão e deveriam estar prontas, segundo órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Brasil possui um deficit de
98 intervenções "necessárias"
para o pleno funcionamento do
sistema de transmissão de
energia elétrica, segundo levantamento feito pela Folha
em dados de órgão federal responsável por estudos que balizam o planejamento do setor.
As obras têm custo estimado
de R$ 1,8 bilhão e deveriam estar prontas, segundo avaliação
do fim do ano passado da EPE
(Empresa de Pesquisa Energética), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
A maior parte das intervenções têm o objetivo de evitar
sobrecargas e colapsos, com
construção, ampliação ou reforço de subestações e linhas
de transmissão. Mas não há como afirmar que elas beneficiariam a estrutura de transmissão na qual teve origem o apagão da semana passada.
As recomendações da EPE
foram divulgadas em janeiro
deste ano, em relatório elaborado por meio de "grupos de
estudos de transmissão regionais", junto com empresas do
setor. No texto, o órgão indicou
ao governo 187 obras.
Para cada uma das obras, o
documento define uma "data
de necessidade". Segundo o relatório da EPE, essas datas obedecem ao "ponto de vista do
desempenho do sistema de
transmissão, não necessariamente o prazo para viabilidade
física de sua implantação".
Do total, 98 deveriam estar
concluídas até o próximo mês.
Algumas delas, em 2006, 2007
e 2008. No que diz respeito à
construção de novas subestações, apenas uma começou a
sair do papel -uma subestação
em Itatiba (SP), com custo estimado de R$ 114,5 milhões.
As recomendações da EPE
não entram automaticamente
no planejamento do governo
porque o ministério também
leva em conta as demandas
apresentadas pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O relatório do ONS não
traz uma especificação de datas
"necessárias".
Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirma que as datas citadas pela EPE são apenas
"indicativos de prioridade" e
que cabe ao ONS, "no curto
prazo, a responsabilidade
maior de designar as instalações que causarão dificuldades
operativas caso não entrem em
operação nas datas indicadas".
Das 98 obras urgentes apontadas no relatório da EPE, 26
não entraram no atual plano de
obras do ministério, que será
atualizado no próximo mês.
Segundo um técnico do ministério, as necessidades levantadas pela EPE às vezes são
questionadas nas reuniões de
consolidação do plano de obras
do governo por representantes
do ONS, que, segundo ele, fazem um ajuste mais fino.
A reportagem tentou falar,
desde a semana passada, com o
presidente da EPE, Maurício
Tolmasquim. Até o fechamento desta edição, ele não havia ligado de volta.
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