|
Próximo Texto | Índice
LEGISLATIVO
Câmara aprova criação de 47 cargos sem concurso, com salários de até R$ 6.300; tucanos alegam que houve um "vacilo"
Com apoio do PSDB, PT faz trem da alegria
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da prefeitura, foi a vez da
Câmara Municipal. No último dia
de trabalhos do ano, um projeto
aprovado ontem criou 47 cargos
sem concurso público para os
próprios vereadores, com salários
de R$ 3.029 a R$ 6.363.
O projeto cria estruturas de liderança para os partidos do Legislativo. O número de assessores varia de acordo com o número de
vereadores. O PT, maior partido
da Câmara, poderá nomear dez
novos assessores com salários de
R$ 3.029 e um coordenador de liderança, que ganhará R$ 6.363.
Ao todo, serão 11 coordenadores e 36 novos assessores. A despesa mensal criada pelos novos
cargos será de R$ 178,7 mil. Por
ano, os gastos atingem R$ 2,15 milhões. Atualmente, os funcionários que trabalham para a liderança são cedidos pelo gabinete.
O projeto foi aprovado em votação simbólica, que ocorre apenas
quando já existe um acordo entre
todos os partidos. Mesmo o
PSDB, que criticou duramente
quando a prefeita Marta Suplicy
(PT) criou mais de 900 cargos sem
concurso no início do mês, não
votou contra.
Pelo menos quatro dos oito vereadores do PSDB estavam em
plenário quando a proposta foi
votada. Mas o líder do partido,
William Woo, afirma que houve
um "vacilo" da bancada, já que o
partido era contra a proposta.
Woo, entretanto, disse ontem
que ainda vai estudar se abrirá ou
não mão dos cargos criados.
A criação dos cargos faz parte
do processo de reforma administrativa da Câmara Municipal, que
foi aprovada em agosto justamente com o objetivo de cortar custos,
além de reestruturar o funcionamento do Legislativo.
O coordenador da reforma,
Cláudio Fonseca (PC do B), defendeu a formação das estruturas
de liderança, mas disse que sua
proposta previa um número bem
menor de assessores.
"Acho que é necessário [haver
estruturas de liderança], não desse tamanho, mas é necessário."
Segundo ele, o inchaço das lideranças faz parte de um processo
de retrocesso das mudanças. "Boa
parte dos membros da nova Mesa
Diretora não concorda com a reforma", disse o vereador -que ficou de fora da nova composição,
eleita na última segunda-feira.
As declarações do vereador do
PC do B foram rebatidas pelo presidente da Câmara Municipal, Arselino Tatto (PT). "Muito me estranha o vereador Cláudio Fonseca negar a autoria desse projeto,
acho que ele se equivocou."
Questionado se os gastos criados pelos novos cargos não vão
contra a idéia da reforma, de economia de gastos, Tatto disse que
"a democracia custa dinheiro".
O texto prevê estruturas de liderança mesmo para partidos que
têm apenas um vereador, mas estabelece que a sigla tenha recebido um mínimo de 3% dos votos
na última eleição nacional e conte
com deputados federais de ao menos cinco Estados. Por isso, tanto
o Prona como o PSL não terão direito a esses novos cargos.
Próximo Texto: Aprovado projeto de antena de celular Índice
|