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EDUCAÇÃO
Após 112 dias, professores que pediam melhoria salarial interrompem paralisação, a maior da história da categoria
Universidades federais encerram greve
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores das universidades federais encerraram ontem
uma greve que durou 112 dias -a
maior da história da categoria.
Eles reivindicavam melhores condições salariais.
A mais longa paralisação na rede até então havia ocorrido em
2001, quando os docentes ficaram
parados por 108 dias.
Os professores retornaram ontem ao trabalho, após o comando
nacional de greve ter aprovado na
semana passada um indicativo
para que as atividades voltassem
ao normal. A decisão, então, foi
analisada em cada universidade.
Apenas quatro instituições decidiram manter o movimento
(Federal de Viçosa, Federal de
Ciências Agrárias do Pará, Federal de Sergipe e Federal de Patos,
no Pará), mas as atividades devem retornar ainda hoje, segundo
o comando de greve.
A paralisação chegou a atingir
39 das 61 instituições federais de
ensino superior. Agora, cada uma
irá decidir o calendário de reposição. Não há registro de perda do
semestre letivo em nenhuma dessas universidades.
Em São Paulo, a Unifesp aderiu
ao movimento, que durou 56 dias
na instituição. As turmas dos dois
primeiros anos de todos os cursos
ficaram praticamente sem aulas.
Apesar do fim da greve, o movimento não concordou com a proposta apresentada pelo MEC (Ministério da Educação). Mas os
professores avaliaram que não
havia mais condições de alterar o
texto, pois o governo Lula encerrou as negociações e enviou um
projeto de lei para o Congresso
para impor a sua proposta.
"Não tinha mais sentido continuarmos a paralisação", afirmou
o vice-presidente do Andes (sindicato dos docentes), Paulo Rizzo.
Os docentes reivindicavam aumento de 18% no salário-base e
equiparação dos vencimentos dos
aposentados com os servidores da
ativa -atualmente, a diferença é
de cerca de 30%.
O governo propôs um aumento
médio de 9,75% e a diminuição da
diferença entre ativos e inativos.
Também foi criada uma quinta
classe na carreira, o que irá ajudar
na progressão dos servidores.
As medidas vão gerar um impacto de R$ 650 milhões na folha
de pagamento de 2006 -valor reservado pela área econômica do
governo Lula para a política de
reajuste do setor.
A greve expôs problemas com a
carreira docente. Um deles é a forma como o salário é constituído:
75% de gratificações e 25% de salário-base. Esse sistema é considerado instável por professores, reitores e pelo próprio MEC.
"As gratificações podem ser retiradas de uma hora para outra",
disse o vice-presidente do Andes.
O ministério determinou a criação de um grupo de trabalho para
analisar mudanças nesse sistema.
Atualmente, a maioria dos professores ganha entre R$ 700 e R$
1.089 de salário-base. Esses são os
valores pagos a professores-adjuntos, com dedicação exclusiva.
(FÁBIO TAKAHASHI)
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