São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Má distribuição de lixeiras afeta vias comerciais de SP

17 ruas de intenso comércio têm distribuição irregular

Reportagem da Folha percorreu cerca de 30 km para quantificar as papeleiras; problema afeta regiões nobres e populares

DANIELA ARRAIS
FELIPE BÄCHTOLD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Faltam pelo menos 100 mil lixeiras nas áreas de maior circulação de pedestres de São Paulo. As 40 mil existentes estão mal distribuídas, e estima-se que um quinto delas seja depredada no próximo ano. Em algumas ruas da cidade, como a Joaquim Floriano (zona oeste), pedestres têm de andar até 733 m para se desfazer do lixo. Na São Caetano (centro), eles nem têm a opção -nos cerca de 1.100 m de extensão de via não há lixeiras.
Das 17 principais vias comerciais citadas pela Fecomércio-SP, ao menos 10 sofrem com falta de lixeiras. O problema afeta desde os quarteirões de lojas de luxo dos Jardins até centros de comércio popular. A Folha percorreu 36 km em vias do centro e das zonas norte, sul e oeste para quantificar lixeiras, de 16 a 30 de novembro. Havia 513. Para especialistas, seriam necessárias 1.200.
Em 2002, a prefeitura previu a compra de 140 mil papeleiras -nome técnico do equipamento. Foi aberta licitação, mas a empresa responsável "não teve fôlego" para cumprir as metas, segundo Giuseppe Pagano, diretor do Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana). A regulamentação de instalação das lixeiras fala apenas na distância mínima: em ruas comerciais, pontos de ônibus, escolas e praças, não podem estar a menos de 25 m uma da outra.
Para os demais lugares, 50 m. Estudiosos do assunto recomendam a distância de 50 m em locais movimentados. É teoria. Nos Jardins, a alameda Santos e a rua Augusta, com unidades em todas as quadras, são rodeadas de vizinhas sem lixeira. A 25 de Março tem uma a cada 81 m -para o lixo dos 400 mil pedestres diários.
A equipe de varrição limpa a rua até dez vezes por dia. "A gente demora quarteirões para achar lixeira. Se a gente não vê, joga o lixo no chão", diz a vendedora Mônica Barros, 25. Com a lacuna, empresas instalam o equipamento sem permissão da prefeitura para explorar publicidade. Outras procuram firmar parcerias. Na João Cachoeira, Itaim Bibi, a associação de lojas local comprou 64 lixeiras, fixadas em 500 m dos 1.700 m da via.
Além de suprir a carência, a prefeitura precisa repôr as lixeiras destruídas, cerca de 20% por ano, segundo estimativas. "O índice de depredação é muito alto. Não adianta encher [a rua] de lixeira, depois ter um terço delas e, então, levar mais três anos para fazer uma nova compra", diz Gilson Lameira, ex-diretor do Limpurb.


FELIPE BÄCHTOLD e DANIELA ARRAIS participaram do 42º programa de treinamento da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil
NA INTERNET - Veja fotos, entrevistas e curiosidades sobre lixeiras www.folha.com.br/063407 e www.folha.com.br/063531


Texto Anterior: Minas: Preso morre afogado em fuga
Próximo Texto: Nova York e Londres têm saídas opostas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.