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"Laptop de US$ 100" sai por US$ 360 e pregão é suspenso
Preço mínimo, que foi oferecido pela Positivo, ainda não contenta o governo, que interrompe ofertas pelo segundo dia
Negociação com fabricante, que lidera mercado nacional, deve continuar hoje; lance mínimo baixou de R$ 855, anteontem, a R$ 654, ontem
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal não conseguiu fechar ontem a compra do
famoso "laptop de US$ 100"
-mesmo depois de um dia e
meio de negociações- por considerar os lances do pregão
"muito acima da expectativa".
O preço mínimo, ofertado
pelo grupo Positivo, foi de R$
654, cerca de US$ 360, muito
mais do do que pretendia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novembro de 2006.
Na época, o presidente afirmou: "Nós já chegamos ao preço de US$ 150, mas o desejo é
construir um de US$ 100", depois de se encontrar com Nicholas Negroponte, professor
do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos
EUA), quem primeiro apresentou a Lula a proposta dos laptops de baixo custo.
Se mantido o valor individual
de R$ 654, o governo vai gastar
R$ 98,1 milhões com a compra
dos 150 mil laptops. Depois de
fechados os lances, ontem por
volta das 12h, o governo passou
à negociação com a Positivo,
com o intuito de baixar o valor.
Líder nacional na venda de
computadores, a Positivo também tem a segunda maior fatia
do mercado na América Latina
(6,8%, atrás da HP, que tem fatia no mercado de 15,2%), apesar de vender apenas no Brasil.
Os dados são do instituto Gartner, referência mundial no
mercado de tecnologia.
Ofertas incompatíveis
No primeiro dia de lances
(terça-feira), o pregoeiro considerou as ofertas "completamente inaceitáveis". "Enfatizamos que há de ser um desconto
bastante substancial, sob pena
de não ser viabilizada a aquisição", escreveu o pregoeiro na
internet.
Até o final da tarde de ontem,
não havia definição de preço e o
pregão foi novamente suspenso. A assessoria do Ministério
da Educação espera que a negociação seja finalizada hoje.
O modelo apresentado pela
Positivo, em parceria com a Intel, foi o Classmate PC, usado
em dois pilotos do projeto UCA
(Um Computador por Aluno)
-em Piraí (RJ) e em Palmas
(TO).
Impossível
Responsável pelo projeto em
Piraí, a professora Maria Helena Cautiero Jardim relativizou
a importância da escolha da
máquina pelo governo.
"Para nós, educadores, não é
o equipamento A, B ou C, mas a
possibilidade de trabalho que a
ferramenta possibilita", disse a
professora. Sobre os valores do
pregão, Jardim afirmou: "Eu
esperava essa margem, US$
100 é impossível".
Já a professora Léa Fagundes, responsável pelo UCA em
Porto Alegre, disse ter ficado
surpresa com os lances. "No
Uruguai, onde houve licitação
há pouco tempo, o XO ganhou
por US$ 200", afirmou.
O modelo XO é representado
pela OLPC (sigla em inglês para
um computador por aluno), entidade presidida por Negroponte. A menor proposta oferecida por ela foi de R$ 697 (US$
387).
A professora atribui a diferença à alta carga tributária e às
grandes distâncias do país -a
empresa é responsável pela entrega e pela assistência técnica
às 228 cidades contempladas.
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