São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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"Laptop de US$ 100" sai por US$ 360 e pregão é suspenso

Preço mínimo, que foi oferecido pela Positivo, ainda não contenta o governo, que interrompe ofertas pelo segundo dia

Negociação com fabricante, que lidera mercado nacional, deve continuar hoje; lance mínimo baixou de R$ 855, anteontem, a R$ 654, ontem

JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal não conseguiu fechar ontem a compra do famoso "laptop de US$ 100" -mesmo depois de um dia e meio de negociações- por considerar os lances do pregão "muito acima da expectativa".
O preço mínimo, ofertado pelo grupo Positivo, foi de R$ 654, cerca de US$ 360, muito mais do do que pretendia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novembro de 2006.
Na época, o presidente afirmou: "Nós já chegamos ao preço de US$ 150, mas o desejo é construir um de US$ 100", depois de se encontrar com Nicholas Negroponte, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), quem primeiro apresentou a Lula a proposta dos laptops de baixo custo.
Se mantido o valor individual de R$ 654, o governo vai gastar R$ 98,1 milhões com a compra dos 150 mil laptops. Depois de fechados os lances, ontem por volta das 12h, o governo passou à negociação com a Positivo, com o intuito de baixar o valor.
Líder nacional na venda de computadores, a Positivo também tem a segunda maior fatia do mercado na América Latina (6,8%, atrás da HP, que tem fatia no mercado de 15,2%), apesar de vender apenas no Brasil. Os dados são do instituto Gartner, referência mundial no mercado de tecnologia.

Ofertas incompatíveis
No primeiro dia de lances (terça-feira), o pregoeiro considerou as ofertas "completamente inaceitáveis". "Enfatizamos que há de ser um desconto bastante substancial, sob pena de não ser viabilizada a aquisição", escreveu o pregoeiro na internet.
Até o final da tarde de ontem, não havia definição de preço e o pregão foi novamente suspenso. A assessoria do Ministério da Educação espera que a negociação seja finalizada hoje.
O modelo apresentado pela Positivo, em parceria com a Intel, foi o Classmate PC, usado em dois pilotos do projeto UCA (Um Computador por Aluno) -em Piraí (RJ) e em Palmas (TO).

Impossível
Responsável pelo projeto em Piraí, a professora Maria Helena Cautiero Jardim relativizou a importância da escolha da máquina pelo governo.
"Para nós, educadores, não é o equipamento A, B ou C, mas a possibilidade de trabalho que a ferramenta possibilita", disse a professora. Sobre os valores do pregão, Jardim afirmou: "Eu esperava essa margem, US$ 100 é impossível".
Já a professora Léa Fagundes, responsável pelo UCA em Porto Alegre, disse ter ficado surpresa com os lances. "No Uruguai, onde houve licitação há pouco tempo, o XO ganhou por US$ 200", afirmou.
O modelo XO é representado pela OLPC (sigla em inglês para um computador por aluno), entidade presidida por Negroponte. A menor proposta oferecida por ela foi de R$ 697 (US$ 387).
A professora atribui a diferença à alta carga tributária e às grandes distâncias do país -a empresa é responsável pela entrega e pela assistência técnica às 228 cidades contempladas.


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