São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2007

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O que você salvaria se sua casa fosse desabar?

Alguns objetos, como retratos e quadros, podem amenizar a dor de perder o lar e auxiliar a se reerguer

ROBERTO DE OLIVEIRA
MARIANNE PIEMONTE
DA REVISTA DA FOLHA

Num estalo de dedos, tudo que é sólido desmancha no ar, e o invólucro que resguardava/ desvelava uma história de vida vai parar no território do "era uma vez". Não há mais fotos para amparar as lembranças, nem coleção de discos ou livros, roupas, documentos, móveis, nada.
Para a maioria dos paulistanos, perder tudo (menos a vida) em uma tragédia repentina não passa de probabilidade. Caso dos vizinhos da linha 4 do metrô em Pinheiros: quem na rua Capri era capaz de imaginar que amanheceria naquela sexta como em qualquer outra e anoiteceria desabrigado?
Para outros, a tragédia é possibilidade diária. Sabem disso os moradores da favela da rua Cachoeira Vida Nova, que no início do mês perderam seus barracos num deslizamento.
Nas duas pontas, a vida é sempre o valor maior, e sua manutenção, motivo de alívio. Abaixo dela, porém, o choque de perder a casa significa perder também parte da memória afetiva que forma o indivíduo.
"Além de documentos e dinheiro, as pessoas sempre querem ter alguma coisa de valor sentimental para ajudar a se reerguerem", diz Sylas Silveira, 61, voluntário que já resgatou vítimas de terremotos ao redor do mundo.
"É comum os moradores utilizarem todas as desculpas possíveis para retornar ao lar", confirma o coronel Jair Paca de Lima, 58, coordenador-geral da Defesa Civil do Município.
Em situações emergenciais, conta ele, o paulistano geralmente tenta salvar documentos, dinheiro, jóias, roupas e fotos. A prioridade dos mais velhos, diz Paca, são imagens de santos e fotos -estas, aliás, obsessão também dos mais novos.
A perda do lar tem efeito traumático. "A casa remonta à mãe, no sentido metafórico. É um espaço de segurança, quase uterino", diz a professora e psicanalista Leila Cury Tardivo.


Veja o que fazer em caso de perda de documentos

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