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Crianças tentam reconhecer sete suspeitos de pedofilia
Em Catanduva, 23 meninos e meninas relataram à polícia terem sido vítimas de abuso
Entre os acusados estão um médico endocrinologista, um empresário e o filho de um comerciante da cidade; um homem está preso
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM CATANDUVA
Os sete suspeitos de participar de uma rede de pedofilia
em Catanduva, entre eles um
médico, um empresário e o filho de um comerciante, vão
passar por uma sessão de reconhecimento na próxima quinta-feira pelas 23 crianças que
relataram à polícia ter sido contatadas pelos investigados
-pelo menos 18 disseram ter
sofrido algum tipo de abuso.
A sessão vai ocorrer em uma
sala da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) que será
preparada para o evento.
Os suspeitos serão apresentados às vítimas misturados a
homens da mesma faixa etária.
Eles não verão as crianças.
Duas das 23 crianças ouvidas
citaram a participação no esquema de outros homens, além
do borracheiro José Barra Nova Melo, 49, conhecido como
Zé da Pipa, já preso no CDP
(Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto, e
de seu sobrinho, de 19 anos,
preso e liberado por falta de
provas. O primeiro não tem advogado constituído -já o rapaz
está desaparecido.
Entre os acusados estão um
médico endocrinologista, um
empresário e o filho de um comerciante da cidade. São investigados ainda um rapaz de 17
anos, um motorista e um operário de uma usina da região.
As crianças disseram que foram aliciadas nos bairros de
Jardim Alpino e Cidade Jardim, onde moram todas as vítimas, e levadas até uma "mansão com piscina", que foi identificada como sendo a casa do
médico, no Jardim do Bosque.
Ontem, a polícia esteve na casa dele para apreender o computador da família, que poderia
conter históricos de contato
entre os participantes da suposta rede de pedofilia. A delegada Rosana da Silva Vanni encontrou apenas o monitor e o
modem ainda ligados, mas a
CPU (torre) havia sumido.
"É muito estranho e confirma ainda mais as nossas suspeitas", disse ela, que revistou
uma obra vizinha em busca do
equipamento. À polícia, a família disse que o computador estava no conserto. O advogado
do médico, Breno Monti, não
quis dar entrevista.
Anteontem, a polícia apreendeu nove computadores em
uma lan house no Jardim Alpino, apontada pelas crianças como o local onde parte dos acusados via as fotos e vídeos dos
abusos. O dono, que não quis se
identificar, negou. O material
será periciado -um laudo deve
sair na próxima semana.
Início
A rede de pedofilia começou
a ser investigada pela polícia local após a prisão do borracheiro, em 15 de janeiro. As primeiras denúncias chegaram à polícia e ao Ministério Público em
14 de dezembro, mas o inquérito foi aberto só um mês depois.
Essa demora será apurada
pela Corregedoria da Polícia
Civil, que requisitou ontem cópia do inquérito. A liberação do
rapaz de 19 anos também será
objeto de investigação. O promotor do caso, Antônio Bandeira Neto, não foi encontrado.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Catanduva
criou uma comissão especial
para acompanhar o caso. O presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta (PR-ES),
visitará a cidade em março.
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