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Para especialistas, falta diálogo com morador e diagnóstico de violência
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três especialistas em segurança elogiam o megapacote
anunciado para Paraisópolis,
mas fazem ressalvas que consideram importante. Ei-las:
1. Faltou diálogo com a comunidade da favela para elaborar o pacote;
2. Se houvesse um diagnóstico mais preciso da questão da
violência, poderia ser criado
um programa menos genérico e
mais econômico;
3. Usar a cultura para combater a violência pode passar a falsa ideia de que cultura é só isso,
e não um direito de todos.
Os autores dessas três ressalvas são, respectivamente, a antropóloga Paula Miraglia, diretora do Ilanud (divisão das Nações Unidas voltada para a prevenção de conflitos), e os sociólogos Cláudio Beato, professor
da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e Renato
Sérgio de Lima, coordenador
do Fórum Nacional de Segurança, entidade que reúne pesquisadores de violência no país.
"É sempre bom o Estado dar
as caras em lugares como Paraisópolis", afirma Miraglia.
"Mas isso não suprime a necessidade de dialogar com a comunidade". Essa falha, segundo
ela, pode ser facilmente sanada,
já que é possível iniciar essas
conversas agora.
Beato, coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da
UFMG, diz que um pacote de
80 itens tem uma probabilidade muito grande de funcionar.
"Mas, se tivesse um diagnóstico
preliminar mais preciso, a prefeitura poderia ter uma ação
mais focada e gastar menos."
O pesquisador diz não ter visto até agora uma análise clara
sobre as razões do levante na
favela na semana retrasada.
"Não dá para saber se o problema principal de Paraisópolis é o
crime organizado, as gangues
de jovens, a ausência de polícia.
Sem essa análise, a violência
pode continuar do mesmo tamanho daqui a um ano."
Lima considera esse tipo de
pacote eficiente. No entanto,
segundo ele, "o Estado não tem
gente, recursos e capacidade
gerencial para aplicar esse mesmo tipo de programa para outras áreas violentas". Ou seja, é
um tipo de política que não pode ser generalizada.
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