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Carnaval 2009 / São Paulo
Carnaval da crise começa com ode à cobiça e à riqueza
Unidos do Peruche falou de pedras preciosas, mas usou plástico
em carro; Rosas economizou nas plumas e abusou das cores
Desfile da Rosas empolgava
quando a rainha da bateria
Ellen Roche acenava ou
quando o segundo carro
arremessava serpentinas
DA REPORTAGEM LOCAL
O Carnaval da crise econômica começou ontem em São Paulo com escolas que tratavam de
cobiça, joias, ouro e dinheiro
-mas fazendo concessões para
se adequar à falta de material
mais caro e luxuoso.
A Unidos do Peruche, que teve pedras preciosas como tema,
entrou no Anhembi às 23h20
com um abre-alas retratando a
criação de adornos na pré-história. O material que cobre a
alegoria foi trocado por plástico, mais barato.
Como outras escolas, a Peruche sofreu com a crise que se
abateu sobre os fornecedores
de adereços e reduziu o número de pedrarias nas alas, onde
penas sintéticas tomaram o lugar das plumas -importadas
em menor quantidade.
A escola prometeu surpreender com o enredo, mas foram os
seios que chamaram a atenção,
tanto em esculturas (em dois
carros alegóricos) quanto em
alguns destaques e até mesmo
na rainha da bateria, Mara
Kelly Silva.
A escola arrancou aplausos
no sambódromo quase lotado.
Segundo a Ingresso Fácil, todas
as entradas foram vendidas
(tanto que hoje a bilheteria não
abre). Mas ainda havia espaços
vagos nas arquibancadas. O
desfile, marcado por fumaça e
efeitos luminosos, foi encerrado com um diamante gigante (o
carro, recoberto de material refletor, retratava a ambição do
homem). A Peruche levou
3.100 integrantes em 27 alas.
Segunda a entrar na avenida,
a Rosas de Ouro trouxe um desfile mais rico, com 3.500 componentes em 30 alas e cinco
carros que economizaram nas
plumas, mas abusaram das cores e de grandes adereços.
A escola levou ao Anhembi
um enredo sobre o funcionamento dos bastidores do Carnaval. O abre-alas foi transformado em um castelo ultracolorido de seres encantados, como
duendes e fadas, "típicos do sonho pensado pelos carnavalescos". O segundo carro trouxe a
síntese de um baile de Carnaval, com pierrôs, colombinas e
arlequins como destaques.
O desfile da Rosas empolgava
a arquibancada em dois momentos: quando a rainha da bateria Ellen Roche acenava ou
quando o segundo carro arremessava serpentinas gigantes.
Outras escolas que desfilariam ontem abordariam lugares diversos no mundo, desde
Angola, na África (a Tom Maior
conta a história do país africano); Pernambuco (a Mancha
Verde faria uma ode à riqueza
cultural e religiosa do Estado
brasileiro); e Amazônia (a X-9
Paulistana trata da internacionalização da floresta, sob uma
ótica carnavalizada, repleta de
referências ao capitalismo).
A Unidos de Vila Maria narraria ainda a história do dinheiro, trazendo carros com referências aos cassinos de Las Vegas e à opulência representada
pelo touro de Wall Street -mas
sem citar a crise que prejudicou
a finalização de seus próprios
carros. A escola prometia ainda
um destaque com um vestido
banhado a ouro 22 quilates.
Fechando o desfile da primeira noite, a Nenê de Vila Matilde traria a história de sua
própria fundação, com o enredo "60 Anos - Coração Guerreiro, a Grande Refazenda do
Samba".
(ALESSANDRA BALLES, ALENCAR IZIDORO, WILLIAN VIEIRA e RICARDO SANGIOVANNI)
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