São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Carnaval 2009 / São Paulo

Carnaval da crise começa com ode à cobiça e à riqueza

Unidos do Peruche falou de pedras preciosas, mas usou plástico em carro; Rosas economizou nas plumas e abusou das cores

Desfile da Rosas empolgava quando a rainha da bateria Ellen Roche acenava ou quando o segundo carro arremessava serpentinas


DA REPORTAGEM LOCAL

O Carnaval da crise econômica começou ontem em São Paulo com escolas que tratavam de cobiça, joias, ouro e dinheiro -mas fazendo concessões para se adequar à falta de material mais caro e luxuoso.
A Unidos do Peruche, que teve pedras preciosas como tema, entrou no Anhembi às 23h20 com um abre-alas retratando a criação de adornos na pré-história. O material que cobre a alegoria foi trocado por plástico, mais barato.
Como outras escolas, a Peruche sofreu com a crise que se abateu sobre os fornecedores de adereços e reduziu o número de pedrarias nas alas, onde penas sintéticas tomaram o lugar das plumas -importadas em menor quantidade.
A escola prometeu surpreender com o enredo, mas foram os seios que chamaram a atenção, tanto em esculturas (em dois carros alegóricos) quanto em alguns destaques e até mesmo na rainha da bateria, Mara Kelly Silva.
A escola arrancou aplausos no sambódromo quase lotado. Segundo a Ingresso Fácil, todas as entradas foram vendidas (tanto que hoje a bilheteria não abre). Mas ainda havia espaços vagos nas arquibancadas. O desfile, marcado por fumaça e efeitos luminosos, foi encerrado com um diamante gigante (o carro, recoberto de material refletor, retratava a ambição do homem). A Peruche levou 3.100 integrantes em 27 alas.
Segunda a entrar na avenida, a Rosas de Ouro trouxe um desfile mais rico, com 3.500 componentes em 30 alas e cinco carros que economizaram nas plumas, mas abusaram das cores e de grandes adereços.
A escola levou ao Anhembi um enredo sobre o funcionamento dos bastidores do Carnaval. O abre-alas foi transformado em um castelo ultracolorido de seres encantados, como duendes e fadas, "típicos do sonho pensado pelos carnavalescos". O segundo carro trouxe a síntese de um baile de Carnaval, com pierrôs, colombinas e arlequins como destaques.
O desfile da Rosas empolgava a arquibancada em dois momentos: quando a rainha da bateria Ellen Roche acenava ou quando o segundo carro arremessava serpentinas gigantes.
Outras escolas que desfilariam ontem abordariam lugares diversos no mundo, desde Angola, na África (a Tom Maior conta a história do país africano); Pernambuco (a Mancha Verde faria uma ode à riqueza cultural e religiosa do Estado brasileiro); e Amazônia (a X-9 Paulistana trata da internacionalização da floresta, sob uma ótica carnavalizada, repleta de referências ao capitalismo).
A Unidos de Vila Maria narraria ainda a história do dinheiro, trazendo carros com referências aos cassinos de Las Vegas e à opulência representada pelo touro de Wall Street -mas sem citar a crise que prejudicou a finalização de seus próprios carros. A escola prometia ainda um destaque com um vestido banhado a ouro 22 quilates.
Fechando o desfile da primeira noite, a Nenê de Vila Matilde traria a história de sua própria fundação, com o enredo "60 Anos - Coração Guerreiro, a Grande Refazenda do Samba". (ALESSANDRA BALLES, ALENCAR IZIDORO, WILLIAN VIEIRA e RICARDO SANGIOVANNI)


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