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Depois de rampa em São Paulo, Rio cria a pedra antimendigo
Medida faz parte do "Choque de Ordem" e quer reduzir população que dorme nas calçadas da cidade
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Para evitar que os vãos sejam
usados por moradores de rua, a
Prefeitura do Rio está instalando pedras sob viadutos, em
mais uma iniciativa do "Choque de Ordem" do prefeito
Eduardo Paes (PMDB).
Em 2005, a gestão José Serra
(PSDB) em São Paulo tentou
implantar medida semelhante
ao colocar rampas antimendigo
em passagem subterrânea na
região da avenida Paulista. Criticada, a ideia acabou sendo
abandonada. À época, argumentou-se que a área era utilizada por delinquentes para assaltar motoristas e pedestres.
Para o coordenador das operações da Secretaria de Ordem
Pública do Rio, Marcelo Maywald, a estratégia é "a melhor
saída". "É um trabalho de insistência até que a pessoa aceite
não dormir mais na rua", diz.
No ano passado, a prefeitura
carioca fez 7.617 encaminhamentos de moradores de ruas a
abrigos. Há muitos casos de
pessoas repetidas, já que vários
se recusam a ficar, voltam às
ruas, e são, de novo, levados.
A Secretaria de Assistência
Social reconhece que o estado
dos abrigos é "precário" e afirma que investirá R$ 26 milhões
este ano nos espaços. Enquanto
isso, usarão as pedras.
De acordo com o secretário
Fernando William (Assistência
Social), os vãos dos viadutos
são um risco. "Muitos usam o
local para fazer comida, o que
afeta a estrutura do viaduto. Já
tivemos um incêndio na Linha
Vermelha por causa disso."
Para Adelson Costa, coordenador da Associação Rede Rua,
a nova iniciativa da prefeitura é
ineficaz. Ele argumenta que
São Paulo tentou, mas sem sucesso. "O pessoal trazia uma tábua e dormia sobre ela. Era até
melhor porque não molhava o
chão", disse Costa.
A operação no Rio está a cargo da Comlurb (Companhia de
Lixo Urbano). A assessoria de
imprensa do órgão não soube
informar em quantos pontos da
cidade a medida seria tomada,
nem o custo da operação.
A reportagem da Folha já viu
as pedras em dois viadutos próximos à sede administrativa da
prefeitura e outras em Botafogo, na zona sul.
Existem hoje cerca de 2.800
vagas em abrigos municipais e
hotéis conveniados. Mas poucos dos encaminhamentos se
convertem em pessoas acolhidas. "Se um num grupo de dez
aceitar ficar, já consideramos
uma vitória", disse Maywald.
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