São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Depois de rampa em São Paulo, Rio cria a pedra antimendigo

Medida faz parte do "Choque de Ordem" e quer reduzir população que dorme nas calçadas da cidade

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Para evitar que os vãos sejam usados por moradores de rua, a Prefeitura do Rio está instalando pedras sob viadutos, em mais uma iniciativa do "Choque de Ordem" do prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Em 2005, a gestão José Serra (PSDB) em São Paulo tentou implantar medida semelhante ao colocar rampas antimendigo em passagem subterrânea na região da avenida Paulista. Criticada, a ideia acabou sendo abandonada. À época, argumentou-se que a área era utilizada por delinquentes para assaltar motoristas e pedestres.
Para o coordenador das operações da Secretaria de Ordem Pública do Rio, Marcelo Maywald, a estratégia é "a melhor saída". "É um trabalho de insistência até que a pessoa aceite não dormir mais na rua", diz.
No ano passado, a prefeitura carioca fez 7.617 encaminhamentos de moradores de ruas a abrigos. Há muitos casos de pessoas repetidas, já que vários se recusam a ficar, voltam às ruas, e são, de novo, levados.
A Secretaria de Assistência Social reconhece que o estado dos abrigos é "precário" e afirma que investirá R$ 26 milhões este ano nos espaços. Enquanto isso, usarão as pedras.
De acordo com o secretário Fernando William (Assistência Social), os vãos dos viadutos são um risco. "Muitos usam o local para fazer comida, o que afeta a estrutura do viaduto. Já tivemos um incêndio na Linha Vermelha por causa disso."
Para Adelson Costa, coordenador da Associação Rede Rua, a nova iniciativa da prefeitura é ineficaz. Ele argumenta que São Paulo tentou, mas sem sucesso. "O pessoal trazia uma tábua e dormia sobre ela. Era até melhor porque não molhava o chão", disse Costa.
A operação no Rio está a cargo da Comlurb (Companhia de Lixo Urbano). A assessoria de imprensa do órgão não soube informar em quantos pontos da cidade a medida seria tomada, nem o custo da operação.
A reportagem da Folha já viu as pedras em dois viadutos próximos à sede administrativa da prefeitura e outras em Botafogo, na zona sul.
Existem hoje cerca de 2.800 vagas em abrigos municipais e hotéis conveniados. Mas poucos dos encaminhamentos se convertem em pessoas acolhidas. "Se um num grupo de dez aceitar ficar, já consideramos uma vitória", disse Maywald.


Texto Anterior: Giuliano Montini (1932-2010): Perfeccionista ao piano e premiado como melhor solista
Próximo Texto: Prefeito do Rio abre brecha para obra encarecer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.