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BANHO DE LOJA
No Bom Retiro, dizem os empresários coreanos que dominam a moda, não se copia idéias de outros, "adapta-se"
Confecções lançam 5 peças novas todo dia
DA REPORTAGEM LOCAL
Esqueça aquele dogma dos estilistas de que só existem duas coleções por ano: primavera-verão e
outuno-inverno. No Bom Retiro,
o tempo é mais acelerado: as lojas
chegam a colocar até cinco peças
novas por dia nas vitrines. É tática
de guerrilha, dos ataques inesperados, aplicada à moda.
"Quem tem mais novidade vende mais", ensina a estilista Marisa
Kono Chang, 36.
Não é segredo de ninguém que a
matriz desse turbilhão de idéias
são estilistas europeus, americanos e brasileiros, sem muita distinção -o Bom Retiro copia de
Prada a Alexandre Herchcovitch.
Em vez de cópia, os estilistas
preferem falar em "adaptação".
"Temos de adaptar a roupa ao
corpo da brasileira. E aqui não é
frio como na Europa", diz Marisa.
Há mais de um método para as
lojas colocarem em velocidade relâmpago nas vitrines roupas que
acabaram de ser vistas nas passarelas européias. Os empresários
mais opulentos viajam duas vezes
por ano para Milão, Paris e Londres e trazem revistas e fotos que
fazem nas lojas ou nas ruas.
Olheiras
Aqueles que têm menos posses
organizam uma espécie de cooperativa -dez deles, por exemplo,
pagam a passagem de uma olheira e o material coletado é socializado na volta ao Brasil.
A velocidade espantosa com
que o bairro da área central de São
Paulo mimetiza a moda européia
já virou até anedota internacional.
Numa palestra que deu no Brasil a
convite da Fenit, a francesa Emanuele Linard, do escritório de
consultoria Trend Union, que estuda comportamentos do consumidor, recomendou que os lojistas brasileiros pesquisassem não
só os grandes estilistas de Paris,
mas a moda mais barata de magazines como Zara (espanhol) e
Naif-Naif (francês).
Quem não tivesse dinheiro para
ir a Paris, segundo Linard, não
precisava ficar desesperado: podia fazer o mesmo tipo de pesquisa de tendências no Bom Retiro.
Vivi Haydar, 54, diretora das
feiras têxteis da Alcântara Machado, diz que a rapidez dos lojistas
não é lenda. Há um mês, conta,
encontrou várias coreanas em Paris. "Dez dias depois da volta, a
moda que vi em Paris já estava no
Bom Retiro. Os coreanos são inovadores e muito agressivos".
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