São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007 |
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GILBERTO DIMENSTEIN I hate São Paulo São Paulo era o cenário das dores e conflitos, gerando uma relação de ódio e amor -relação que ele cultivou
DARDO TOLEDO Barros tinha
dez anos de idade quando recebeu a notícia de que seu
pai, Luís Álvaro, sofrera um infarto
fulminante. Nunca entendeu por
que não esteve no enterro. A descoberta veio muito tempo depois.
"Senti como se fosse a segunda morte dele." A razão do choque: a causa
da morte não foi infarto, mas suicídio. Desde esse momento, ele começou a investigar as razões que levaram seu pai a se matar, deparando-se com uma sucessão de surpresas -
o suicídio fora motivado por razões
políticas. Essas descobertas serviram de inspiração para um filme,
previsto para ser lançado em abril,
intitulado "I Hate São Paulo" (Eu
Odeio São Paulo). "Foi o jeito que eu
encontrei de ordenar minha confusão emocional."
Ex-estudante do Colégio Santa
Cruz, Dardo, 48 anos, estudou filosofia e administração de empresas. Nas entrevistas com familiares e amigos do pai, um simpatizante comunista, Dardo percebeu como a pressão dos tempos do regime militar, as prisões e as torturas compuseram um drama psicológico que resultou no suicídio. São Paulo era o cenário das dores e conflitos, gerando uma relação de ódio e amor pela cidade - uma relação que Dardo também cultivou e que o levou até Nova York, onde se inventou a palavra amor trocada por um coração, inspiração para o título de seu filme. Ele vem quase todos os meses a São Paulo e encontra seus amigos - os ex-colegas do Santa Cruz encontram-se com periodicidade. "Gostar dos meus amigos é gostar de São Paulo." Dardo aprecia a diversidade nova-iorquina, o prazer de andar em ruas seguras, a efervescência cultural, mas não sente o acolhimento das amizades paulistanas. Mas, para ele, São Paulo, além dos encantos da juventude com suas salas de cinema, também foi o cenário da perda precoce do pai, da degradação urbana e da violência. Esses elementos - inclusive o investidor do mercado financeiro que faz um filme- entraram no roteiro, no qual a cidade é um dos principais personagens. Ao imaginar onde iria lançar o filme, que vai entrar em circuito comercial, veio-lhe na cabeça a cidade que ama - o lançamento será no Colégio Santa Cruz, cercado por seus amigos. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Em 7 horas, 4 bancos são atacados por ladrões em SP Próximo Texto: A cidade é sua: Engenheiro de Porto Alegre recebe multa do interior de SP Índice |
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