São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007

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Blecautes afetam cada vez mais pessoas

Dados da Eletropaulo revelam que mais consumidores ficaram sem energia neste ano; tempo de interrupção subiu em fevereiro

Concessionária culpa chuva pela falta de luz, mas especialistas dizem que investimentos na rede melhorariam sistema

AFRA BALAZINA
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os números comprovam o que os paulistas têm notado no dia-a-dia: mais pessoas foram afetadas por "apagões" nesses primeiros meses do ano. Estabelecimentos comerciais, hospitais e moradores da Grande São Paulo têm sido constantemente atingidos pela falta de energia. Há cinco dias, ladrões inclusive aproveitaram a escuridão para roubar uma farmácia em Higienópolis, bairro da região central de São Paulo.
Segundo a Eletropaulo, responsável pelo abastecimento de energia elétrica na Grande São Paulo, em média, de cada 100 consumidores, 62 ficaram sem energia uma vez em fevereiro, contra 39 no mesmo mês de 2006 (salto de 58,9%). Já em janeiro, de cada cem consumidores, 61 ficaram no escuro, contra 55 no ano passado.
A empresa culpa a chuva pelo problema. No mês de fevereiro, realmente choveu mais na cidade em 2007 do que no ano passado (211,3 mm contra 135,9 mm). Mas, em janeiro, a quantidade de chuva neste ano foi menor do que no ano anterior (131,2 mm contra 277,8 mm).
A Eletropaulo afirma que cerca de 80% das interrupções são causadas por quedas de árvores ou galhos na rede. As subprefeituras e a Eletropaulo (nos casos em que as árvores tocam a rede) são os responsáveis por fazer a poda e corte das árvores na cidade de São Paulo.
Especialistas dizem que as condições climáticas são a causa externa mais importante dos apagões, porém, há outros fatores a serem considerados. "Se existe falha de manutenção da rede, eleva-se esse tipo de problema. A sobrecarga do sistema também pode gerar interrupções", diz Paulo Eduardo de Grava, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado de SP.
De acordo com Miracyr Assis Mercato, diretor do departamento de engenharia elétrica do Instituto de Engenharia de SP, uma das soluções é fazer redes mais modernas e usar cabos com isolamento (em vez de nus), mais protegidos do contato com as árvores. "Nos trechos novos estão colocando cabos isolados porque isso também reduz a manutenção."
Síndicos de condomínios afirmam que um dos maiores transtornos que ocorrem quando há falta de luz são os elevadores, pois alguns edifícios têm mais de 20 andares.
Há algumas semanas, em 9 de fevereiro, a falta de luz em quatro ruas no centro chegou a tirar do ar a rádio CBN, uma das principais emissoras do país, por cerca de 20 minutos.
Dados da Eletropaulo mostram ainda que, em fevereiro, a duração da interrupção da energia também foi maior neste ano -46 minutos- se comparada com o mesmo período do ano passado -34 minutos.

Outro lado
A Eletropaulo diz que, desde a privatização, apresenta índices de interrupção de energia abaixo do limite imposto pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A empresa diz não poder cortar ou podar árvores, "pois para isso é necessário ter licença ambiental". Diz, porém, ter autorização para podar árvores que tocam a rede. "Cada regional possui um gestor de poda que é responsável por solicitar às prefeituras essa autorização. Por ano, a distribuidora realiza, em média, 110 mil podas."


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