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Blecautes afetam cada vez mais pessoas
Dados da Eletropaulo revelam que mais consumidores ficaram sem energia neste ano; tempo de interrupção subiu em fevereiro
Concessionária culpa chuva pela falta de luz, mas especialistas dizem que
investimentos na rede melhorariam sistema
AFRA BALAZINA
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os números comprovam o
que os paulistas têm notado no
dia-a-dia: mais pessoas foram
afetadas por "apagões" nesses
primeiros meses do ano. Estabelecimentos comerciais, hospitais e moradores da Grande
São Paulo têm sido constantemente atingidos pela falta de
energia. Há cinco dias, ladrões
inclusive aproveitaram a escuridão para roubar uma farmácia em Higienópolis, bairro da
região central de São Paulo.
Segundo a Eletropaulo, responsável pelo abastecimento
de energia elétrica na Grande
São Paulo, em média, de cada
100 consumidores, 62 ficaram
sem energia uma vez em fevereiro, contra 39 no mesmo mês
de 2006 (salto de 58,9%). Já em
janeiro, de cada cem consumidores, 61 ficaram no escuro,
contra 55 no ano passado.
A empresa culpa a chuva pelo
problema. No mês de fevereiro,
realmente choveu mais na cidade em 2007 do que no ano
passado (211,3 mm contra 135,9
mm). Mas, em janeiro, a quantidade de chuva neste ano foi
menor do que no ano anterior
(131,2 mm contra 277,8 mm).
A Eletropaulo afirma que
cerca de 80% das interrupções
são causadas por quedas de árvores ou galhos na rede. As subprefeituras e a Eletropaulo (nos
casos em que as árvores tocam
a rede) são os responsáveis por
fazer a poda e corte das árvores
na cidade de São Paulo.
Especialistas dizem que as
condições climáticas são a causa externa mais importante dos
apagões, porém, há outros fatores a serem considerados. "Se
existe falha de manutenção da
rede, eleva-se esse tipo de problema. A sobrecarga do sistema
também pode gerar interrupções", diz Paulo Eduardo de
Grava, diretor do Sindicato dos
Engenheiros do Estado de SP.
De acordo com Miracyr Assis
Mercato, diretor do departamento de engenharia elétrica
do Instituto de Engenharia de
SP, uma das soluções é fazer redes mais modernas e usar cabos com isolamento (em vez de
nus), mais protegidos do contato com as árvores. "Nos trechos
novos estão colocando cabos
isolados porque isso também
reduz a manutenção."
Síndicos de condomínios
afirmam que um dos maiores
transtornos que ocorrem quando há falta de luz são os elevadores, pois alguns edifícios têm
mais de 20 andares.
Há algumas semanas, em 9
de fevereiro, a falta de luz em
quatro ruas no centro chegou a
tirar do ar a rádio CBN, uma
das principais emissoras do
país, por cerca de 20 minutos.
Dados da Eletropaulo mostram ainda que, em fevereiro, a
duração da interrupção da
energia também foi maior neste ano -46 minutos- se comparada com o mesmo período
do ano passado -34 minutos.
Outro lado
A Eletropaulo diz que, desde
a privatização, apresenta índices de interrupção de energia
abaixo do limite imposto pela
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica). A empresa
diz não poder cortar ou podar
árvores, "pois para isso é necessário ter licença ambiental".
Diz, porém, ter autorização para podar árvores que tocam a
rede. "Cada regional possui um
gestor de poda que é responsável por solicitar às prefeituras
essa autorização. Por ano, a distribuidora realiza, em média,
110 mil podas."
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